Pelas ondas do mar andam navegando
Nesse chão molhado de gotas salinas
Onde os passos da vida caminhando
Se deparam com memórias nascidas.
É sempre a maior que se pretende, germinada de um mar imenso.
Ela mostra-se altiva e sedutora, um convite do horizonte, rivalizando com a humilde doçura das searas, murmurando ao vento.
Ela é um cavalo selvagem, ressaltando em cascatas de espuma, rebentando estrondosa como um grito, rasgada pelas quilhas das selas de domadores.
Cruzando as vagas nobres cavaleiros
Das marés vivas os fortes domadores
Assustam as sereias dos marinheiros
Cegos por não verem os seus amores
A ondulação tanto se proporciona à subida da adrenalina, como ao sereno tapete dos caminhos a percorrer, em cada passo e flexão exigível ao equilíbrio da prancha onde assenta a vida, flutuando ao ritmo das marés: se alta, se baixa, se viva.
Na praia, morada do vento irado
Resistem firmes às rajadas cortantes
Que a vida não é para surfar parado
É maré feita de bons e maus instantes.
Maria Dulce Araujo, a autora do texto