(o caminho para casa)
Somos apenas passagem
O vento a contornar os outonos da existência.
Somos o sopro quente da tarde
O brilho da chama que arde
O abraço que se abre
A saudade que o peito invade
Sempre que o ocaso declina
Sem que se possa evitar
É o final do dia
O crepúsculo que desce devagar
O quase-noite e, contudo
Ainda a manhã a despontar.
Somos apenas aragem
Um sopro de brisa suave
Um sussurro etéreo que invade
O sono, o sonho
E a dormência dos sentidos acontece.
Somos a inquietude da espera
O orvalho das manhãs frescas e claras
A voz cálida que cicia e reitera
O rasar de lábios que arrepia
O beijo que seduz e acaricia
O pranto salgado que nos cala
O silêncio adocicado que nos fala
A luz que do alto nos aquece e alumia.
Somos apenas romagem
Peregrinos em constante mutação
O tempo a ponte para a outra margem.
Sejas Tu, a estrela de Natal que nos conduz
A Luz brilhante e eterna que seduz
O foco florescente que ilumina
O caminho para casa.
26/11/2024
Dulci Ferreira a autora do texto