Lembro dos dias de sol em nós, quando os sorrisos eram tão espontâneos como o arfar da respiração depois do amor.
Minha cabeça em teu peito a repousar, o bater descompassado dos corações e tudo se harmonizava na certeza de um eternamente assim.
O amor, nosso rio em correnteza, o espelho da alma a refletir o amanhã.
Mas a vida dá muitas voltas e nunca nos leva ao começo…
àquele arrepio na espinha…
às borboletas na barriga…
às lágrimas de felicidade por nos sabermos um mesmo pensamento.
Talvez o acaso nos traga a solução. Deixa-te ficar aqui, ainda que, apenas, em contemplação. Quiçá, o universo que um dia inventámos decida inverter a sua posição e nos catapulte à distância dos nossos abraços?!
Bem sabes que mesmo que passem séculos, milénios até, nada poderá apagar a história que juntos vivemos, porque em algum momento, em nós, fomos eternos.
Ninguém foi mais que tu e eu nesta passagem pelo tempo.
Nenhum amor foi menor ou maior, apenas diferente na voz, nas palavras, nos poemas com que nos conquistámos e em que nos expressámos de modo mais ou menos eloquente.
Não te vás, pois já me aperta a saudade e sem ti não me apraz também ficar.
A noite ainda é uma criança!
Vá… fica! Verás que há madrugadas por que vale bem esperar.
Dulci Ferreira, a autora do texto