20 Aug
20Aug

   Solta-se a lágrima mesmo ao pé de ti. Da tua indiferença resulta a ignorância de não perceberes que, essa lágrima, se solta pela dor de não te saber em mim. 


    No meu peito, incertezas e medos. 

   Subo as montanhas em busca de respostas. Ergo as mãos, abertas, e sinto o ar filtrar-se pelos dedos. É uma estranha sensação!... como se o vazio, ao passar por entre eles, dissesse: 

   Eis-me aqui! 

   Salta-me à boca o coração. 

  O céu está tão perto… 

  O ar adensa-se, gélido, envolvendo com um manto nebuloso as varandas do meu corpo, patamares que gostavas de escalar quando a lua permitia maior inspiração. Nessa altura, cantavas-me serenatas em que dizias ser eu o perfume das rosas, o teu aroma secreto. E o luar conspirava junto a ti, iluminando as ruas do meu ser e refletindo o poder mágico das sombras. Ambos estremecíamos no encontro dos olhares. E a canção continuava… 

   - Felicidade – dizias - seria poder mergulhar nos rios da tua cidade!    

 Enternecida, respondia: 

   - A minha cidade és tu! 


  O horizonte fecha-se, agora, sobre si mesmo. 

  O vento passa rasgando as pedras. 

  O sol é frio, a lua escura e distante e o amor cego logo de antemão,   pois que de tão cego só vê e reage ao que lhe  implora o coração.   

  Hoje quis cantar-te, mas o meu canto saiu abafado pela força da emoção. No ruído do silêncio solta-se a lágrima. . .

Dulci Ferreira, a Autora do texto

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