Solta-se a lágrima mesmo ao pé de ti. Da tua indiferença resulta a ignorância de não perceberes que, essa lágrima, se solta pela dor de não te saber em mim.
No meu peito, incertezas e medos.
Subo as montanhas em busca de respostas. Ergo as mãos, abertas, e sinto o ar filtrar-se pelos dedos. É uma estranha sensação!... como se o vazio, ao passar por entre eles, dissesse:
Eis-me aqui!
Salta-me à boca o coração.
O céu está tão perto…
O ar adensa-se, gélido, envolvendo com um manto nebuloso as varandas do meu corpo, patamares que gostavas de escalar quando a lua permitia maior inspiração. Nessa altura, cantavas-me serenatas em que dizias ser eu o perfume das rosas, o teu aroma secreto. E o luar conspirava junto a ti, iluminando as ruas do meu ser e refletindo o poder mágico das sombras. Ambos estremecíamos no encontro dos olhares. E a canção continuava…
- Felicidade – dizias - seria poder mergulhar nos rios da tua cidade!
Enternecida, respondia:
- A minha cidade és tu!
O horizonte fecha-se, agora, sobre si mesmo.
O vento passa rasgando as pedras.
O sol é frio, a lua escura e distante e o amor cego logo de antemão, pois que de tão cego só vê e reage ao que lhe implora o coração.
Hoje quis cantar-te, mas o meu canto saiu abafado pela força da emoção. No ruído do silêncio solta-se a lágrima. . .
Dulci Ferreira, a Autora do texto