08 May
08May


Nada de tudo um pouco

Neste mundo louco

Da dor ouve-se um grito rouco

E as mãos fervem de febre



É sem dúvida uma visão dantesca, toldada por nevoeiro cinzento. É tudo muito bonito mas também pode ser feio, muito feio com sabor a fel.


Dos favos de mel devoras doçura

Esqueces os tempos de amargura

Deixa que o dia seja teu amigo

E das trevas se afaste o perigo


Melhorou num passo gigantesco, aflorando a terra de areias molhadas, sob as estrelas das constelações, seguindo então o brilho da Polar.



O amor devora-lhe o peito

Acena com as mãos bem a seu jeito

Tal como rendas de um lenço perfeito

Rostos gravados bordados a preceito

Cruzassem a vida num campo aberto

Apenas por eles lavrada por certo

Na alma de ouro um filão descoberto


Há sempre um carreiro na floresta indicador da passagem de gentes, carregadas com os seus seres, um nada de tudo um pouco, para que das trevas afastem o perigo e as almas sejam auriferas, como se em rendas de um lenço perfeito, guardassem favos de mel e dessem a provar doçuras a este mundo louco.

Maria Dulce Araujo, a autora do poema

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