12 Oct
12Oct

Por muitos considerada uma das mais belas aldeias do concelho de Castro Daire, distrito de Viseu, Reriz situa-se no sopé da Serra das Cabeçadas e da Serra do Cimal, também conhecida pela Serra do Ladeiro. 

 


À sua frente, estende-se a Serra do Montemuro.  

E, como esquecer o nosso Rio Paiva que lhe beija os pés? Serpenteando entre lameiros, com recantos naturais de rara beleza, nunca as suas águas estão sós nos meses de verão!



 Muitas são as pessoas que vão buscar o conforto, a paz e a harmonia, abraçando as suas margens e agradecendo ao Universo as paisagens deslumbrantes que seus olhos alcançam!    

Aldeia muito antiga teve origem no século onze, com o topónimo Rodoriz. Ao longo dos anos, este nome foi evoluindo, passando por Roeriz no século treze, chegando aos nossos dias com o actual epíteto, Reriz.  

Foi vila e sede de concelho, não se podendo, no entanto, por falta de registos escritos, precisar com exatidão a data do início desta categoria administrativa do reino. 

Segundo alguns historiadores, a primeira carta de foral foi-lhe concedida pelo rei D. Dinis.  A nove de março de mil quinhentos e catorze, D. Manuel I atribui-lhe novo foro de vila e permanece sede de concelho até ao ano de mil oitocentos e trinta e quatro, passando nesta altura a integrar o concelho de Sul, extinto em mil oitocentos e cinquenta e três, data em que passou a fazer parte do município actual.  

Todos os dados indicam que Reriz subsistiu na categoria de concelho, durante mais de quinhentos anos. 

Segundo a lenda, esta aldeia de riqueza paisagística, valiosos cheiros e sabores, está ligada à fundação de Portugal.    

No “Monte das Cabeçadas”, viveu Leovigildo Peres, o célebre ermitão que com um papel profético e misterioso, foi enviado na véspera da lide de Ourique, à tenda onde descansava D. Afonso Henriques, encorajando-o e prometendo-lhe a vitória contra os Mouros. Depois do confronto entre cristãos e muçulmanos, Leovigildo regressa à sua terra apesar da idade avançada. No cume do monte, fundou a ermida de Santa Maria onde deu continuidade à vida solitária e religiosa que abraçou.  


Diz-se, que lá sobreviveu mais de uma década, vindo a falecer com noventa anos de idade, no dia dezassete de julho de mil cento e quarenta e três, precisamente o ano em que foi reconhecida a independência de Portugal.  Seu corpo foi sepultado à frente do altar da ermida que, com o avançar dos anos, sofreu sucessivas reconstruções e subsistiu com o nome de Nossa Senhora de Rodes. 

Facto real ou lendário, certo é que exerceu grande influência na fé da população, ao ponto da irmandade de Nossa Senhora de Rodes ter possuído uma valiosa bandeira com a representação da batalha de Ourique, vendo-se Cristo crucificado, D. Afonso Henriques e Leovigildo, com tanta arte e mestria que se chegou a atribuir o fresco ao pintor Grão Vasco. 

Aldeia envolta em misticismo e culto desde sua origem , criou nas suas gentes uma cultura de fé imensa, existindo em todas as localidades os lugares sagrados onde o povo se recolhe e busca alimento para o espírito.

 São várias as capelas construídas nas localidades. 

Além da igreja matriz com o orago S. Martinho, existem ainda a capela de S. José, S. Sebastião, Santo António, Nossa Senhora dos Passos e Nossa Senhora de Rodes, embora esta última, lamentavelmente, se encontre num estado de abandono total.  

Recorda-se com nostalgia, este templo sagrado venerado por crentes de grande devoção que à Virgem recorriam em peregrinação. 

Talvez no silêncio das pedras ainda se ouçam as rezas e os cânticos entoados em marcha solene, préstito guiado pela imagem da Nossa Senhora de Rodes!  Quem sabe?  

Celeste Almeida: Autora do texto


Foto principal do texto: Ana Maria Pinto - site: timeoff.pt

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