As estrelas estão tão longe, seria profano poder tocar-lhes do cume das montanhas.
E a lua, ah a lua tão cantada nas palavras dos poetas, sedentos de luar e noites bem aventuradas.
Para esse dossel infinito são enviadas tantas perguntas, cujas respostas nem sempre são entendidas parecendo silêncios.
As preces, pedidos desesperados aos céus, acordam os íntimos profundos das almas rogantes, de olhos postos nesse infindável mundo, único reduto da resistência, na esperança da recolha de Luz enconchada na palma das mãos.
O mar gosta de falar, cada termo tem um som distinto, cada onda bonançosa marulha meigamente aos pés de quem refresca, cada vaga alterosa insurge-se contra o atrevimento de quem a ousa confrontar.
Este diálogo todos entendem tal o fascínio dessa imensidão azul, a paixão pela calmaria e fúria e nas águas amadas pontilham barquinhos de papel, devassando esse berço que embala alimento.
Aqui, fica o humano entre a terra, o ar e a água, um pouco à toa sem saber como apagar o fogo devastador que todo o consome até à essência.
Somos pequenos e frágeis dependentes dos elementos, do poder das matérias avançadas acima das nossas forças e conhecimento.
A ciência não é inesgotável, pois no dia em que isso vier a acontecer o ciclo fecha-se retomando o Princípio.
Maria Dulce Araujo a autora do texto