A queda foi grande. Não era nem abismo, mas também não havia rede.
Era preciso sentir, provar vasto menu circunstancial, descobrir tais novos sabores até aí desconhecidos.
Fechava-se um ciclo e abria-se outro, porque agora teria de haver maior abertura meditativa e perceber-se passo a passo por caminhos mais exigentes.
A janelas coavam a ténue luz que abria alas de forma persistente, alamedas pespontadas de avanços e recuos, assim ela se queria, assim resistia.
Naquele dia acordou, caminhou e perplexa, segurava na mão o fio que lentamente desenrolava do novelo. Quantos dias e noites, quantas viagens, interrogações e respostas.
O fim da rua não era já ali…tantas janelas de cortinas cerradas, bunkers individuais de medos entaipados.
Um pardalito pequenininho saltitava alacre expandindo oportunidades. Apanhou-as não negando nenhuma. Observou-as, agradecendo tal dádiva, pois saber agradecer é uma forma de riqueza.
Maria Dulce Araujo, a autora do texto