20 Mar
20Mar

A queda foi grande. Não era nem abismo, mas também não havia rede.

Era preciso sentir, provar vasto menu circunstancial, descobrir tais novos sabores até aí desconhecidos.

Fechava-se um ciclo e abria-se outro, porque agora teria de haver  maior abertura meditativa e perceber-se passo a passo por caminhos mais exigentes.

A janelas coavam a ténue luz que abria alas de forma persistente,  alamedas pespontadas de avanços e recuos, assim ela se  queria, assim resistia.

Naquele dia acordou, caminhou e perplexa, segurava na mão o fio que lentamente desenrolava do novelo. Quantos dias e noites, quantas viagens, interrogações e respostas.

O fim da rua não era já ali…tantas janelas de cortinas cerradas, bunkers individuais de medos entaipados.

Um pardalito pequenininho saltitava alacre expandindo oportunidades. Apanhou-as não  negando nenhuma. Observou-as, agradecendo tal dádiva, pois saber agradecer é uma forma de riqueza.


Maria Dulce Araujo, a autora do texto

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