11 Apr
11Apr

Memórias de um passado com estórias, fizeram a História da aldeia de Cujó.

Aldeia de Cujó

Estórias escritas nas pedras, com o aroma das urzes que fazem um tapete colorido na Serra da Lestra. 

Já se passaram muitos verões e invernos, muitos sóis e muitas luas, mas a capela do Senhor da Livração perpétua no seu silêncio a estória que o Povo conta. 

Tempo de perigos e medos.  

Saciava-se a alma com orações e súplicas ao Divino Ser Invisível, mas Existencial.  

Na Serra da Lestra, vigiava o rebanho um pastor, ao som do cântico dos passarinhos pousados nas ramadas das carvalhas. 

O gado, de olhos no chão, comia as urzes e ervas tenras indiferente à aproximação dos lobos famintos, que viam nele um manjar. O homem deu seu corpo em defesa dos animais que eram o principal sustento da família. Com o cajado enrugado nas mãos, lutou com toda a força, tentando afastar as feras. Estas, não querendo ir embora sem a barriga cheia, atacaram o pobre homem. Aflito, vendo-se perdido no meio do monte, pede socorro ao Senhor, levantando os olhos para um Cruzeiro com o Cristo Crucificado, ali existente desde o século XVIII.

Serra da Lestra

-Nosso Senhor da Livração, me ajude!  

-Nosso Senhor da Livração, me salve!  

As ovelhas e as cabras corriam aturdidas entre os rochedos. Sem esperança, vendo-se vencido, quase se entregou ao seu cruel destino.  Resignado, despediu-se da vida e dos seus, em oração, invocando novamente o Senhor da Livração.

-Salve-me, Nosso Senhor da Livração!  

-Ajude-me, nesta hora de aflição.  

Os lobos tornaram-se mansos, como os mais mansos cordeiros do rebanho. Começaram a abanar a cauda em sinal de paz e retiraram-se com lentidão escondendo-se nas moitas. 

O milagre tinha acontecido.  

Nosso Senhor da Livração não o tinha abandonado

Disse-me a voz do Povo, na sua sabedoria, que a capela erguida na serra, foi mandada construir por cinco irmãos, descendentes do pastor abençoado pelo Senhor da Livração, no ano de 1886, data inscrita no teto da pequena ermida.

Hoje, é um lugar de devoção.  

Rasgam-se os joelhos, acendem-se velas no chão do altar, rezam-se mistérios do Rosário de Maria, cumprem-se novenas.  

No seu interior podem ver-se em grande número os ex-votos, pagamento de promessas feitas pelos crentes, que em grande número recorrem ao Santuário, lugar Sagrado onde o céu se abre para acolher os peregrinos, vindos dos mais longínquos lugares.


Celeste Almeida, a Autora do texto

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