Todos temos os nossos limites, assinalados por inúmeros condicionantes conforme os casos.
O que será então, na verdadeira aceção das palavras, ultrapassar os limites?
Deixar de os ter?
Pode ser, salvo raríssimas exceções!
Os falsos julgamentos, sentenças de mentes perturbadas, fechadas sobre si próprias, acabam por isolar o indivíduo, pela inconveniência de atitude desprovida de isenção e linearmente movida pelas aparências, idealizando o guião e realização de um filme em que passam a acreditar como real, não havendo linhas vermelhas no seu caminho, causando incómodo alheio.
Há um velho ditado
“Nem tudo o que luz é ouro”,
“Nem tudo o que balança cai”
que tanto define o empírico julgamento, como a capacidade de sentenciar equilibradamente.
Não há limites para a precipitação, cai-se no abismo mais cedo ou mais tarde, saindo dificilmente ileso.
As pontes acabam por ruir, carcomidas pela ausência de discernimento, cuja reconstrução será sempre afetada pela dúvida.
Uma parte significativa do raciocínio, tal como o conhecemos, alimenta o falso por ser conveniente à sua também falsa condição na qualidade de parte de um todo, crente em ser correta a “visão” sendo o erro uma hipótese remota, daí a sonegação automática por um lado, relegada para a exiguidade de espaço por outro.
Por fim, o objeto alvo do falso, sente-se envolvido numa teia de aranha, de que só sairá à custa de uma dinâmica de esforço.
Maria Dulce Araújo, a autora do texto