24 Sep
24Sep

Rasga-te o ventre 

O véu obscuro da morte 

Num beijo de fúria 

Ao entardecer

São poucos os que se importam 

Com quantas vidas poderá colher.

Riem-se os tolos


Joga-se a sorte

Enquanto o monstro galga Sul e Norte 

Destruindo tudo ao redor.



Chegam os abnegados que se entregam

Numa dádiva voluntária

E com lágrimas acalmam 

A avidez da fornalha.



Grita o pai de dor 

Dilacera-se o coração da mãe 

Fica órfã a criança sem nada compreender.

O frio adensa o ar

A lua perdeu o brilho

O dia tornou-se breu

O monstro das labaredas venceu

Ao roubar-lhes, sem piedade 

Mais um filho.



No mais profundo da alma 

A perceção do vazio 

O pranto seco da impotência 

E o abraço eterno da saudade.  

Dulci Ferreira, a autora do texto

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.