Do luto que cai
Do choro que toca
Do medo que tolhe…
Do tanto que se perde
Nas cinzas que cobrem o chão.
Noite
Das sombras que escondem
Das formas que iludem
Dos passos que rasgam a inquietude
Da introspeção
Das inquirições
Dos pensamentos que pesam no silêncio.
Noite
Da meditação
Da prece em fervor
Do pedir perdão
Ao Pai de imenso amor
Que tudo vê
Tudo sabe
Tudo entende
E tudo perdoa
Mas que sempre apela à paz e à reconciliação
Porque a todos ama sem imposição.
Noite
Do abraço que é casa
Do sonho que é asa
Do amor que se dá e se faz.
Das histórias que se contam ao serão
Das estrelas que brilham sem outra intenção
Das constelações que nos são altar
Onde desejos se pedem e se confirmam promessas.
Noite
Das vozes que seduzem
Dos acordes que entoam de bar em bar
Das casas de fados e dos fadistas
Vozes de encanto a arrepiar
É a guitarra que trina a nostalgia do verbo amar.
Noite
Da impiedosa insónia
Que tantas vezes nos toma e transtorna.
Passem as horas com brevidade
Para que logo o sol se levante
E se nos serenem as ânsias
À luz da sua esplendorosa claridade.
Dulci Ferreira, a autora do poema