Na horta há de tudo o que se pode plantar desde frutas a legumes, mais os intensos e silenciosos queixumes de quem os quer cultivar, ora porque o tempo foi padrasto, ora porque o corpo dobrado sofre dores aguçadas.
Pelo lado bonito, há cantadeiras e cantores na rega pela tardinha, ou na deita à noitinha a sonhar com seus amores.
Os campos estão verdes de pasto, onde os animais ruminam conversas inexplicáveis por falta de entendimento de idiomas conspirativos …
Pois, só sei que são quadrúpedes e não se aproximam da horta…está-lhes vedada…
Por enquanto!
Os patos andam de um lado para o outro na cobiça, bamboleiam-se da direita para a esquerda e vice-versa, grasnam…grasnam de gordos empertigados, enquanto as galinhas cacarejam a pôr ovos e raspam o chão debicando coisas apetecíveis, correndo alvoraçadas se assustadas.
No mundo, fauna e flora coabitam desde os princípios das espécies, muitas já extintas e outras tantas em vias de extinção.
Cada vez mais, este planeta na sua rotatividade e translação, tem diminuído em cultivo de quinta para horta… e o solitário com a trouxa às costas, sedento e esfomeado, vai cantando “…
Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada…”.
Maria Dulce Araujo, a autora do texto