13 May
13May

Não! 

Não digas que me amas 

quando sempre te ausentas de mim 

se já não me encontro em ti 

nem nessas mãos que rasavam a pele 

nem nesses dedos que me acariciavam. 


Não digas que me amas 

se já não somos beijo e aconchego 

nem canto ao luar. 

Se a luz de mim que em ti refletia 

já te não conduz àquele lugar 

de toque e arrepio 

de protuberância de montanha 

de serpentear de rio. 


Não digas que me amas 

se já não há sussurros ao ouvido 

nem o deslumbre do olhar 

quando ao longe me vias chegar. 


Não digas que me amas 

se minha falta já não é sentida, 

se meu colo já não é porto de abrigo 

se teus lábios já não estremecem 

de vontades e desejo 

quando estão perto dos meus, 

nem o teu corpo me diz 

como outrora me dizia 

recordando o amor feito 

na brancura dos lençóis 

que nos envolviam. 


O tempo apaga os sonhos 

o corpo definha e, lentamente 

perde a vitalidade e a ousadia 

de dizer 

de fazer 

de sentir 

se o mantiveres adormecido. 


Não digas que me amas, 

nem promessas de amor ao vento atires 

se és apenas sombra ou reflexo de vazio 

o marasmo e a letargia a deambular 

sem nenhuma convicção ou esperança, 

pois já terás perecido 

mesmo que ainda respires. 


Acorda e vive! 

Este é o tempo certo 

a madrugada por ti tão esperada. 

Agarra-a! 

Agora!

Dulci Ferreira, a autora do poema

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