Às vezes questiono-me sobre o porquê das coisas…
Porque acontecem desta ou daquela maneira.
Qual o real sentido de ser.
Qual a nossa missão nesta passagem pelo mundo.
O que nos torna tão especiais entre as outras criaturas.
O porquê da finitude.
O que nos espera do outro lado, se é que existe esse lado (quero crer que sim, pois de outra forma a vida perde o sentido e, se não acreditamos, a procura desse sentido será uma angústia permanente).
Mas, afinal, o que dá sentido à vida?
O dinheiro?
A posição social?
O poder?
A beleza física?
Então, e os limitados?
Os menos inteligentes… pouco ambiciosos… pobres e nada belos, mas que continuam a ser gente, gente que é, que pensa, que sente, que ama… Sim, que ama! Pois é ele que, na verdade, dá sentido à existência…
Ele, “o amor”… o verdadeiro amor… a dádiva, a entrega total e desprendida.
A partilha, a caridade, a solidariedade, a vontade de ser em prol do Outro.
No entanto, muitos o apregoam, mas poucos agem como tal! Olhamos cada vez mais para o próprio umbigo. Estamos constantemente preocupados em viver de aparências, esquecendo-nos de viver de verdade. Escondemos as nossas origens e envergonhamo-nos de ser genuínos, de mostrar quem realmente somos.
E as atitudes… meu Deus… as atitudes…
Tantas vezes repugnantes, arrogantes, mesquinhas e cruéis, em contraponto a tudo o que se apregoa.
Vale a pena pensar nisto!

In “NA COMPANHIA DAS LETRAS”, 2011
– AJFA Edições (Editado).

Dulci Ferreira, a autora do texto