Hoje é noite de lua cheia
Da deambulação dos saudáveis loucos
Pelas marés da tormenta e da bonança,
Dos amantes vestidos de luar
Nos seus ninhos vadios
Quais gatos nos telhados de Janeiro,
A noite dos lobos serranos
Fabulados no uivo das palavras
Nas alcateias de todas as luas,
Dos versos dos poetas
Enfeitiçados pelas musas inspiradoras
Vestidas de transparentes tules líricos,
Hoje, na magia da noite
A boémia promete fidelidade
Às guitarras que dedilha na penumbra.
Hoje é noite de lua cheia
Neste hemisfério metade do todo
Que roda sobre si próprio,
No feitiço das encruzilhadas
Nas rezas ao mistério
"Do fogo que arde e não se sente".
Depois será minguante
Não se verá mais tarde
E em crescente irá ser parto
Quando cheia se mostrar
Maria Dulce Araujo, a autora do poema