Escrever-te-ei enquanto as palavras me fluírem.
Se me leres, não me irás esquecer
e poderás moldar-me à tua medida.
Enfeitarás os meus cabelos com margaridas brancas,
flores silvestres e jasmim perfumado.
Deleitar-te-ás na sombra dos meus seios
e dançarás no terreiro do meu ventre.
Tu sabes que a palavra que desenho com a ponta dos dedos
é música que componho ao amanhecer
estrofe que te ensino ao entardecer
canção de embalar que te canto até adormeceres.
Com os meus versos, afasto de ti os medos
e conto-te histórias de encantar
onde os mistérios são segredos
que na pele sentimos como formigueiro
apelando à urgência de um beijo.
Sabes…
o amor que te ofereço não cabe num simples poema!
Por isso, não me peças que pare!
Há realidades que não se moldam
às geometrias deste mundo.
In “Na Companhia das Letras”, 2011
Dulci Ferreira, a autora do poema