07 Aug
07Aug

Escrever-te-ei enquanto as palavras me fluírem. 

Se me leres, não me irás esquecer 

e poderás moldar-me à tua medida. 

Enfeitarás os meus cabelos com margaridas brancas, 

flores silvestres e jasmim perfumado. 


Deleitar-te-ás na sombra dos meus seios 

e dançarás no terreiro do meu ventre. 

Tu sabes que a palavra que desenho com a ponta dos dedos 

é música que componho ao amanhecer 

estrofe que te ensino ao entardecer 

canção de embalar que te canto até adormeceres. 

Com os meus versos, afasto de ti os medos 

e conto-te histórias de encantar 

onde os mistérios são segredos 

que na pele sentimos como formigueiro 

apelando à urgência de um beijo. 


Sabes… 

o amor que te ofereço não cabe num simples poema! 

Por isso, não me peças que pare! 

Há realidades que não se moldam 

às geometrias deste mundo. 

In “Na Companhia das Letras”, 2011


Dulci Ferreira, a autora do poema

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