Não digas nada
Deixa que o silêncio fale por nós
Que os gestos sejam varinhas mágicas
A despir a branca pele da tua deusa do amor
Assim, sem tabus e sem qualquer pudor
Crês-me?
Eu creio que te amo e te quero
Porque estremeço e o meu corpo vibra
Com o teu enleio
Digo-te sim…
Que estou pronta para o amor
Para te amar
Para ser a Vénus que em sonhos te vem beijar
Sim… vem até mim
Rola, ondeia sobre o meu corpo
Como bote ao largo
Escala-me!
Sobe e desce num vai e vem libidinoso
Como onda de mar
Que embate com vigor na areia da praia
Excita-me!
Provoca-me!
Faz-me amor
Como ambos gostamos e queremos.
Beija-me
Num bailar de línguas dançantes
Loucas, lascivas
Penetrantes
Desperta-me!
Faz-me vibrar como nunca
Contorna-me!
Como contornam as águas do meu rio
As fragas gastas e macias.
Segue, sem medo, a corrente
E desagua no mar de sentidos
Que ambos desejamos alcançar.
Não me deixes à deriva
As estátuas esfriam nos jardins.
“EU, A TUA VÉNUS” In “Treze Autoras Com Vénus
Edições Vieira da Silva
Dulci Ferreira, a autora do texto