12 Nov
12Nov

João se chamava


E era terno e dócil

E o seu colo era o meu refúgio 

Quando a noite se aproximava 

E eu temia a ausência 

Dos abraços que só ele me dava. 


João, se chamava 

E como o outro, o do deserto

Numa força e num amor maior acreditava 

E a pureza dos atos e dos sentimentos recitava

Para mim e meus irmãos outros. 


João era o seu nome

E partiu contra minha vontade 

Em noite sem brilho e alvorada.

Na memória, guardo o sorriso carinhoso 

Que lhe dançava no olhar 

Quando protetor me mirava. 


O seu nome era João 

E hoje 

Entrego-lhe o pensamento em oração...

Porque, em mim, sempre presente

Porque, em mim, coração  

Descansa na paz e no amor da minha saudade 

Como descansam as águas mornas 

No leito do meu rio.

Dulci Ferreira, a autora do poema

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