Escolhi-te sem saber porquê…
Bem sei da impossibilidade de travar
A curiosidade do olhar
Quando a luz se insinua oásis fresco
E transparência.
Há pormenores que são apenas reflexos
De uma peculiar extensão…
Por isso te creio
Quando me dizes que existiu reciprocidade
Naquele cruzar de íris, pura sedução.
Agora, já o cansaço se anuncia crepuscular
Já o rubor ocasional se esconde
Por detrás da neblina
Opaca e desorientadora,
Outrora caminho reto e preciso.
Calo os olhos e até as mãos
Que teimam em se denunciar…
Há um tremor nos dias
E na força dos gestos e das palavras
Que me aflige por demais!
Anseio por fechar os olhos
E descansar um pouco.
Quando te fores, fecha a porta devagar
Na dúvida, encosta-a apenas.
Dulci Ferreira, a autora da prosa