27 Aug
27Aug

 Escolhi-te sem saber porquê…
Bem sei da impossibilidade de travar 

A curiosidade do olhar
Quando a luz se insinua oásis fresco 

E transparência.
Há pormenores que são apenas reflexos 

De uma peculiar extensão…
Por isso te creio 

Quando me dizes que existiu reciprocidade 
Naquele cruzar de íris, pura sedução.
Agora, já o cansaço se anuncia crepuscular
Já o rubor ocasional se esconde 

Por detrás da neblina
Opaca e desorientadora,
Outrora caminho reto e preciso. 

Calo os olhos e até as mãos 

Que teimam em se denunciar…
Há um tremor nos dias 

E na força dos gestos e das palavras 
Que me aflige por demais! 
Anseio por fechar os olhos 

E descansar um pouco. 
Quando te fores, fecha a porta devagar 
Na dúvida, encosta-a apenas.

Dulci Ferreira, a autora da prosa

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