02 Sep
02Sep

No indecifrável confronto das expressões faciais 

Os olhos são a candeia que nos alumia 

O tato a bússola que nos orienta 

O odor dos corpos 

O aroma que nos embriaga os sentidos 

E liberta as emoções mais contidas 

Num êxtase concupiscente  

Que percorre os esconsos labirintos 

Da estrutura do meu ser. 

É o regaço onde te deitas 

O colo que abrasa ao sentir-te assim… 

Perto, fogoso, ereto 

No vigor do desejo em nós retido. 


Quando nos doamos, tudo em redor se coaduna 

Todos os preceitos se desvanecem 

Na loucura do momento consentido. 

É teu, o meu universo 

Onde riscas e rabiscas as vontades loucas 

Que te consomem a alma. 


Contornas com a ponta dos dedos 

A estrada curvilínea que nos leva ao prazer. 

São as proeminências do meu corpo 

Que delicadamente reténs na palma da mão 

Laranjas de suco doce 

Que descascas com vigor e prontidão. 

Por vezes, faminto desse vital colostro 

Absorves de mim o líquido doce 

Qual droga ou vício que se entranha 

E ao qual nenhum dos dois sabe dizer não. 


Neste marear viciante 

Em que todo te dás e toda me dou 

Somos mar de espuma ondulante 

Rio de lava incandescente 

Sal da vida que tempera os dias e as noites 

Em que me desenhas flor. 

Entre suspiros e arroubos de satisfação  

A Lua deita-se e o Sol levanta-se 

E eu acordo no leito dos teus braços 

Bem juntinho ao coração.  


De novo, olhos nos olhos 

E já a resposta certa na ponta da língua 

Denunciada pelo rubor da expressão: 

- Sim! 

Quero! 

Amo-te! I


n “13 MULHERES COM VÉNUS”, Edições Vieira da Silva, 2023

Dulci Ferreira, a autora do poema

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