Chorei quando intensamente me amaste
Pela primeira vez…
E me encontrei
Chorei eu e choraste tu
Nas lágrimas de emoção
Que derramaste sobre mim,
Nos beijos loucos que me fizeram dizer sim
Ainda a primavera despontava
No nosso bem-querer,
Nas almas ávidas de vida e de prazer
Na volúpia que nossas carícias denunciavam
Nos versos que nossos lábios declamavam
Na languidez dos olhares que nos despiam
No rubor das faces que incandesciam
No toque frenético das mãos que ardiam
Na dança das línguas que se derretiam,
Os lábios doridos pela sofreguidão dos beijos
Loucura, ânsia, amor, desejos
Vontades incontidas na vergonha da nudez
As roupas no soalho jogadas
Odores lascivos
O suor a banhar os corpos
As línguas a desenhar na pele
Os afrescos da luxúria a refletir nos espelhos
O incenso a perfumar o quarto e os sentidos
As flores na jarra
As taças de fino vidro
E o mosto derramado na toalha de linho.
Pétalas vermelhas espalhadas pelo chão
Palavras doidas a fazer estremecer o coração
Depois…
Dulci Ferreira, a autora do poema