Vi-lhe um sorriso rasgado, naquele dia triste
Vi-lhe a boca entreaberta e desdentada
E um olhar fugidio que de mim desviava
Assim julgando… “Se não viste, não sentiste”,
Mas a lágrima resvalava pela face angustiada.
Escutei-lhe a voz rouca que dizia:
- Amo-te mais do que a própria vida
Minha filha!
E eu admirava-lhe a ousadia
De ser e se dar a toda a gente
Que precisasse de um prato de comida
Ou simplesmente
Do aconchego de uma palavra amiga.
Que linda era minha mãe
Que eu tanto amava sem saber
Que doce criatura que os seus filhos embalava
E mesmo prenhe, de sua mãe cuidava
Quando aquela estava prestes a morrer.
Que lindos os seus gestos e que enorme coração
Que doce e sublimada criatura que me dava a mão
Mesmo quando eu a magoava e ela por mim rezava
A Deus pedindo perdão.
Que bela era minha mãe, na sua pele enrugada
E que saudade agora sinto do calor que ela emanava!
In “Mimos, Beijos e Outros Aconchegos”, 2024
Dulci Ferreira a autora da poesia