19 Nov
19Nov

Vi-lhe um sorriso rasgado, naquele dia triste

Vi-lhe a boca entreaberta e desdentada

E um olhar fugidio que de mim desviava 

Assim julgando… “Se não viste, não sentiste”,

Mas a lágrima resvalava pela face angustiada. 


Escutei-lhe a voz rouca que dizia:

- Amo-te mais do que a própria vida

Minha filha!

E eu admirava-lhe a ousadia 

De ser e se dar a toda a gente

Que precisasse de um prato de comida

Ou simplesmente 

Do aconchego de uma palavra amiga. 


Que linda era minha mãe 

Que eu tanto amava sem saber

Que doce criatura que os seus filhos embalava 

E mesmo prenhe, de sua mãe cuidava 

Quando aquela estava prestes a morrer. 


Que lindos os seus gestos e que enorme coração 

Que doce e sublimada criatura que me dava a mão

Mesmo quando eu a magoava e ela por mim rezava 

A Deus pedindo perdão.


 Que bela era minha mãe, na sua pele enrugada

E que saudade agora sinto do calor que ela emanava! 


 In “Mimos, Beijos e Outros Aconchegos”, 2024


Dulci Ferreira a autora da poesia

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