Delicadas, as rosas enfeitam os jardins
Adornam as estátuas, as fontes
Embriagam os velhos que ainda sonham
Encantam o olhar enternecido dos amantes.
Delicadas, as rosas ornamentam as jarras
Maravilham quem as cuida, quem as colhe
De perto, assim…
Como quem inala das aveludadas pétalas
O mais doce e inebriante dos aromas.
Delicadas, as rosas são o fermento
O condimento que aviva a paixão
E sustenta o sentimento.
Quem não gosta de deter
O seu perfume nas próprias mãos
De acariciar-lhes as formas suavizadas
Em total deslumbramento?
Delicadas, as rosas têm espinhos
E fazem o sangue jorrar dos dedos
Que fiam o naperon de linho
E a colcha da cama que aconchega
As nossas noites de amor.
As rosas são o poema que Sofia trincou
O troféu que Saramago ergueu e perpetuou
Que Florbela de “orgulhosas” nomeou
E como “símbolos d´amor e de alegria” contemplou.
Elas são a frescura do orvalho
Nas madrugadas ainda entorpecidas.
São a beleza da cor nos colos tatuada
O brilho e a essência da palavra sublimada
E apesar de tanta celsitude
As rosas também provocam dor.
As Rosas são tão belas como a vida
E viver é, quais espinhos afiados
Que armadilhas tecem
Elas lembram o pouco que duramos
Pois, tanto nas jarras como nos jardins
As Rosas também perecem.
Dulci Ferreira, a autora da poesia