Calaram-se as palavras no ruído do silêncio!...
As sílabas retalharam as letras em lâminas sufocadas na garganta!...
Que eco frenético é este aceso no vazio de tanta voz?..
Que grito se esconde nos segredos da solidão?...
Neste palmo de chão há sangue de línguas cortadas!...
Corre parado na poeira vermelha que chora a dor de um coração fechado!...
Agarro-o na palma da mão, levo-o à boca e bebo-o na esperança da doçura dos sentimentos!...
Mas, estranho...não tem sabor!
Falta-lhe a essência de outrora!...
Tu sol, que semeias sorrisos pelos campos, que ris às gargalhadas na filigrana dos ramos, que afagas os caminhos cruzados em pontes, que entras na minha janela e acordas o horizonte...
Baloiça o vento, dá vida às palavras e com elas dança no florir das raízes do tempo!...
Beija o mundo com a magia da tua luz!
Sê mágico e desnuda-te na explosão dos corpos!...
E...acende todas as velas que iluminam a escuridão das almas!...
Porque eu...
Eu vejo as palavras cansadas, moribundas...
Sinto-as desfalecer entre o eu e o nada, entre o amor e o desamor.
Já não sentem.
Já não rimam com saudade.
Já não pulsam de emoção...
As palavras...aquelas que se calaram, já não habitam no tempo nem no espaço e doem na dor que senti...
Mas não quero sentir mais!...
Celeste Almeida, a autora do texto