Em nome da mulher que se lembra.
Recolho pedaços caídos,
como quem recolhe estrelas exiladas.
Cada casca é um nome esquecido,
cada sal, uma lágrima ancestral.
Acendo a vela com dedos molhados,
O fogo também chora...
No copo de água, vejo Benguela,
espiralando em mim como ventre que nunca se fecha.
Preparo o caminho de volta
com passos que já não são meus.
São das mães que também caminharam
com o corpo em silêncio e o espírito em grito.
O Uno me espera,
não como deus,
mas como sopro,
como escolha que pulsa no osso.
Sou Ruth,
sou retorno,
sou ritual que se recusa a morrer.
Eis que preparo em poesia,
o caminho que me é de volta.
(Evocando a travessia espiritual ancestral)

Ruth Collaço, a autora do texto