26 Oct
26Oct

 Em nome da mulher que se lembra. 

Recolho pedaços caídos, 

como quem recolhe estrelas exiladas. 

Cada casca é um nome esquecido, 

cada sal, uma lágrima ancestral. 


Acendo a vela com dedos molhados, 

O fogo também chora... 

No copo de água, vejo Benguela, 

espiralando em mim como ventre que nunca se fecha. 


Preparo o caminho de volta 

com passos que já não são meus. 

São das mães que também caminharam 

com o corpo em silêncio e o espírito em grito. 


O Uno me espera, 

não como deus, 

mas como sopro, 

como escolha que pulsa no osso. 


Sou Ruth, 

sou retorno, 

sou ritual que se recusa a morrer. 

Eis que preparo em poesia, 

o caminho que me é de volta. 


(Evocando a travessia espiritual ancestral)


Ventos Sábios 

Ruth Collaço, a autora do texto

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