Foto: arquivo pessoal - Pétalas de flores em água perfumada
Muitos são os conceitos, ideias, filosofias que separam “poder” de “empoderamento”.
Podemos até confundir empoderamento com direitos, com lutas e bandeira hasteadas. Com sentimentos de revolta e injustiça, deixar que a sede do poder seja maior que a nossa força interior.
Se me pedirem para definir “Mulher“, ser-me-á difícil e até arriscado, pois logo daí parto do princípio que cada um vê e interpreta a vida à sua maneira.
Se eu me deitar debaixo de uma árvore e olhar para ela, vejo uma árvore, mas se outro alguém olhar para a árvore de uma varanda alta, verá também uma árvore, mas.... a sombra não será a mesma, a visão não será a mesma, embora seja a mesma árvore.
Assim sendo, tomo para mim poder de escolher não definir, mas partilhar o que para mim é ser empoderada.
Mulher empoderada usa a sua capacidade de amar para construir o seu mundo, usa a sua inteligência para fazer as suas escolhas e assumi-las.
Não usa máscara quando se olha ao espelho, só se for para pôr máscara nas pestanas .
Mulher empoderada busca a sabedoria tentando alcançar uma melhor versão de si mesma para depois empoderar outras. Dar a mão, saber estendê-la para dar e acima de tudo para saber receber.
Mulher empoderada não é a mesma coisa que mulher poderosa.... a não ser que o seu poder seja interior.
Mulher que se apossa do que é seu património-genético, histórico e cultural. Que quem é, e a sua verdade não precisa de pedir perdão a ninguém pelo facto de existir.
Vive a sua vida segundo a SUA verdade, não dos outros, da sociedade, das regras e currais feitos para rebanhos que não pensam, não sonham, não vivem.
Mulher empoderada não pode fazer tudo o que quer, mas quer tudo o que pode.
Não se nega o direito de se conhecer, de (se)assumir, viver e usufruir a sua personalidade e sexualidade. Saber exigir, mas saber trabalhar para o seu sucesso, a sua independência financeira, a sua realização pessoal, a sua plenitude.
É olhar-se ao espelho e reconhecer os traços do rosto e alma que se ali refletem e aceitar. (verbo tão difícil de assimilar).
Saber evocar a gana e raiva de se levantar cada vez que cai (sim.... todos caímos), de dar a mão para erguer outras mulheres, sem pisar, sem criticar, sem invejar (e aqui temos muito ainda por andar). Usar a sua verdade como orientação e mapa na vida.
Pegar na sua confiança e transformá-la em sonhos.... e saber quando um sonho acaba.
Ser empoderada, não é dar um murro no peito e dizer “eu sou eu e faço o que quero”!
Ser empoderada é apossar-me do meu valor, do meu amor e cuidado próprio e fazer de mim quem eu quero ou gostava de ser. Saber acordar e adormecer sabendo que eu sou o meu próprio colo... aí então posso começar o meu processo de empoderamento, sem esquecer de arrastar, inflamar almas e corações que me rodeiam com o melhor que puder dar.
Se isto não for empoderamento e for apenas poder, então não valeria a pena ser mulher.
“Eu tomo para mim o poder de viver e escolher segundo a minha vontade, verdade e Tempo”
Ruth Colaço: Autora do texto