Há momentos na vida em que o peso do mundo não se encontra nas grandes catástrofes, mas sim nos gestos mínimos que, incessantemente, corroem a tapeçaria da vida.
Pequenos gestos também destroem; um sussurro de maldade, um olhar indiferente, um silêncio no momento em que a palavra certa seria um raio de sol.
A indiferença no toque ausente, a promessa quebrada no eco do esquecimento, ou o riso amargo nas sombras do sarcasmo, tudo converge numa sinfonia sombria que destrói, pouco a pouco, as delicadas teias de confiança e amor.
Não são sempre as grandes tempestades que derrubam as árvores mais fortes, mas sim os ventos sutis que, incansavelmente, desgastam as raízes.
Assim, tenhamos a coragem e consciência de refletimos sobre a delicadeza dos nossos atos, pois até o mais pequeno dos gestos tem o poder de ferir profundamente.
Se até os menores gestos podem desencadear grandes destruições, não deveríamos refletir mais profundamente sobre o impacto que cada uma de nossas ações tem no vasto e intrincado tecido da humanidade?
Não obstante, pequenos gestos também trazem em si o poder de nos unir e fortalecer, uns aos outros e uns com os outros…
Como o efeito de uma pedra no charco, cada gesto reverbera, criando ondas que podem unir ou separar, construir ou destruir.
Tens uma pedra que queiras atirar?
Ventos Sábios – Ruth Collaço
Imagem: Reverbero criada com IA
Ruth Collaço, a autora deste texto.