26 Jan
26Jan

Há momentos na vida em que o peso do mundo não se encontra nas grandes catástrofes, mas sim nos gestos mínimos que, incessantemente, corroem a tapeçaria da vida. 

Pequenos gestos também destroem; um sussurro de maldade, um olhar indiferente, um silêncio no momento em que a palavra certa seria um raio de sol. 

A indiferença no toque ausente, a promessa quebrada no eco do esquecimento, ou o riso amargo nas sombras do sarcasmo, tudo converge numa sinfonia sombria que destrói, pouco a pouco, as delicadas teias de confiança e amor. 

Não são sempre as grandes tempestades que derrubam as árvores mais fortes, mas sim os ventos sutis que, incansavelmente, desgastam as raízes. 

Assim, tenhamos a coragem e consciência de refletimos sobre a delicadeza dos nossos atos, pois até o mais pequeno dos gestos tem o poder de ferir profundamente.

Se até os menores gestos podem desencadear grandes destruições, não deveríamos refletir mais profundamente sobre o impacto que cada uma de nossas ações tem no vasto e intrincado tecido da humanidade?

Não obstante, pequenos gestos também trazem em si o poder de nos unir e fortalecer, uns aos outros e uns com os outros…

Como o efeito de uma pedra no charco, cada gesto reverbera, criando ondas que podem unir ou separar, construir ou destruir.

Tens uma pedra que queiras atirar?


Ventos Sábios – Ruth Collaço

Imagem: Reverbero criada com IA


Ruth Collaço, a autora deste texto.


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