Vivo dentro de uma rede de vozes, mas aprendi que só o silêncio me devolve à pele da alma.
Quem vive apressado não a escuta, corre por fora e esquece o dentro, esquece o sopro que sustenta.
Dominar a mente não é erguer muros, é acender luzes, é estar tão desperta que nada me arrasta para longe de mim.
A alma é a lembrança do que sempre fui, antes de ser o que sou, é o mapa secreto do caminho de volta a casa.
Se me encolho perante a vida ou a validação do meu próximo, sei que é o ego a falar;
Se me expando interiormente (eu sei parece antagônica a ideia, não parece?), é a alma que me abre a consciência.
Reconhecer essa diferença é regressar à minha própria presença, como quem olha para as nuvens sem nunca perder de vista o céu.
As nuvens mudam, o céu permanece.
E eu permaneço também, quando não sinto a necessidade de aparecer, quando sou apenas o que sou, sem máscaras, sem pressa, ciente deixando que o universo se revele perante o silêncio da escuta.
Não será esta a verdadeira liberdade:
Ser invisível e, ainda assim, inteira?

Ruth Collaço, a autora do texto