O silencio contem em si, e por si só muito mistério, muita injustiça, muita verdade... mas tem também a paz e é a voz que muitas vezes nos sussurra o que mais ninguém diz.
Há dias em que é bem mais fácil escutar que falar.
Quantas são as vezes em que na tentativa de nos fazermos entender, acabamos por nos desentender com o próximo e ate connosco mesmos.
Quantas vezes me arrependo de ter falado, e quantas vezes procuro o silencio para me entender? e quantas vezes é depois do (meu) silencio que me faço entender e sou entendida.
Há silêncios e silêncios, mas hoje falo do "meu" silêncio.
Tento tantas vezes esticar a minha verdade que acabo por dar lustro ao meu próprio ego, e é aí que me encontro enredada num ninho de minúsculas mentiras que me vou contando, com as quais enfeito as palavras que me digo a mim própria.
Caramba! e estou constantemente a perceber que alimentar ego, não é igual a autocuidado!
Quantas vezes me da vontade de fazer igual aos outros, porque digo que gostei... mas vendo bem, é porque também quero brilhar, também tenho fome de palavras incentivadoras.
Temo.
Recuo.
Paro.
Silencio-me.
E como se não bastasse, quando eu me tento conter, eis que vem sempre um "convite" para que eu ceda.
Acautelo-me!
Tento aceitar que dói não me sentir validada (típica Balança…), que posso sentir essa dor sem culpa e sem "insuflar" o ego.
Eu já a prendi a lidar com o meu próximo, isso já é um início. certo?
Este mês, proponho-me a praticar a minha criatividade para que possa dar forma ao "meu" futuro. Será um caminho muito estreito e ladeado pelo autocuidado e o ego, para quem se recusa a aceitar uma ideia enquanto não a provar a mim mesma.
Será por isso que gosto de avançar devagar?
Confiarei no meu instinto mulher vento, na minha intuição de loba e na minha liberdade águia.
Prometo a mim mesma, escrever toda e qualquer ideia que eu tiver, para que daqui a uns tempos eu possa saber e sentir o que é ter convicção.
Até lá, o tema principal dos meus silêncios, será conectar-me com o meu ser mais íntimo, para que possa compreender os motivos que definem as minhas vontades subconscientes.
Conclusão:
Para sarar, tenho primeiro que decidir qual o caminho a escolher:
Destruição ou construção?
Enquanto isso, silencio-me.
Ventos Sábios®
Silêncios meus
Há por aí muitos silêncios
que falam, e bem alto.
Uns calam a boca
outros prendem o corpo.
Há deles que são calmos
de amigos chegados.
Outros que afastam
quem já não se ama.
Há também o silêncio
o de um peito ferido
esperanças caladas
nunca partilhadas.
...
Silêncios profundos
daqueles que não falam
silêncios segredo
na cova enterrados.
...
Eu... tenho silêncios
guardados em mim
alguns eu escrevo
outros sei calar.
Silêncio para mim
Tem duas missões:
ou matam palavras
ou um corpo sarar.
Acolho silêncios
que gritam em mim
tesouros da vida
que aqui já vivi.
Maria do Vento
(Heterónimo)
Ruth Colaço: Autora do texto e poesia