"Penso, logo existo," o célebre cogito cartesiano nos coloca diante de nosso maior desafio: a essência do carma. Estudos acadêmicos apontam que produzimos entre 50 a 70 mil pensamentos diários. E, se considerarmos a vida inteira de alguém longevo, a quantidade de pensamentos nos impressiona, não é mesmo? Como cocriadores, nossos pensamentos, alimentados pela energia dos sentimentos, emoções e ações, atraem forças elementais e continuamente moldam nossa realidade, tal qual a mente divina que expande o Universo. Como ímãs, atraímos pela vibração de nossas palavras e pela repetição de nossos pensamentos, refletindo nosso mundo interior.
O mundo interior continuamente molda o mundo exterior, influenciando lugares e pessoas. Quantas vezes já entramos em ambientes que parecem pesados devido à atmosfera biopsíquica das pessoas que ali residem? Quantas vezes nos sentimos mal após uma conversa com alguém? Em nossa rotina, percebemos o poder das forma-pensamentos. Nossas palavras, julgamentos, sentimentos e emoções são produtos de ideias pensadas e verbalizadas. Se acreditarmos que o dia será ruim, ele será. Se julgarmos que alguém não é bom, esse alguém não será visto por nós como bom. Tudo é uma questão de perspectiva.
A cada reencarnação, um novo ego experimenta o poder criador, não como uma tabula rasa, mas a partir de um passado com múltiplas configurações e um vasto conjunto de formas-pensamentos sobre si.
Para a Teosofia (2016), a mente cria continuamente seu próprio mundo, e essa é a essência da natureza do carma. Cada pensamento, ao ser gerado, torna-se uma força que se une a outras, além de atrair elementais que se acoplam às formas-pensamentos. Dessa forma, surgem agregados, ou seja, entidades coletivas que interferem em nós mesmos, nos outros e no plano físico como um todo. Esses agregados podem se transformar em vórtices energéticos que influenciam os ambientes para o bem ou para o mal.
Nossa realidade é moldada por nossa mente, que é a fonte geradora do carma. O produto da mente são as formas-pensamentos, que ficam presas ao seu genitor(a) como parte de sua consciência. Essa é uma matéria sutil e vibrante que nos acompanha nas encarnações e no plano espiritual após a morte. Consciências externas ou obsessores, por exemplo, podem atuar sobre nossas formas-pensamentos, por isso se diz que nem sempre a influência é apenas externa.Somos, portanto, responsáveis pelas imagens mentais que criamos e pelos efeitos que elas têm sobre nossas vidas e as de outras pessoas. Precisamos ter cuidado com nossas palavras e comentários sobre alguém, pois influenciamos mentes, especialmente as das crianças, incutindo formas-pensamentos que podem ser danosas.
Geramos e enviamos formas-pensamentos que são fortalecidas por outras e por forças elementais da natureza. Segundo a Teosofia (2016), o ciclo cármico se desenvolve da seguinte maneira: a mente cria determinada condição, formando um hábito, e submete-se a essa condição limitante que prejudica a si mesma e aos outros, aprisionando-nos até que dissolvamos essa forma-pensamento.
Um caminho possível reside na mudança comportamental, como muitas terapias afirmam. Essa mudança requer, primeiramente, uma renovação do pensamento. Mikao Usui, sistematizador do Reiki, certa vez observou que algumas pessoas melhoravam ao receber a energia Reiki, mas retornavam algumas semanas depois sentindo os mesmos sintomas, enquanto outras se curavam de suas enfermidades. Qual é o segredo? Sabemos a resposta. Nada é pior do que dizer, após curar-se de uma enfermidade: "Estou ótimo, pronto para outra." Assim, nossa mente é a criadora do carma.
O Reiki pode ser uma excelente escolha para ajudar na dissolução de formas-pensamentos limitantes. Podemos potencializar a utilização do Reiki com cromoterapia mental, Ho'oponopono, musicoterapia, entre outras possibilidades. Recomenda-se, no mínimo, traçar os símbolos do nível 2, mentalizando o raio violeta, por exemplo. Por que violeta? Porque o violeta libera as energias de apegos mentais e emocionais, ajudando a desconectar dos ganhos secundários que nos limitam e aprisionam a certas situações.Pode-se escolher um pensamento recorrente, uma situação de vida que se repete, ou um estado emocional. Trace os símbolos do Reiki e mentalize durante a aplicação, por 15 minutos, a cor violeta, que dissolverá como um solvente cósmico aquilo que se pretende tratar. Repita o processo conforme necessário, no mínimo por 7 dias.
Ao aplicar o Reiki, diga mentalmente, visualizando a cor violeta: "Eu comando que a energia vital desintegre, dissolva, desfaça e desconecte a forma-pensamento X/ situação X, desde seu ponto de origem até o momento atual, incluindo suas consequências e ganhos secundários." A prática do Reiki contribuirá para limpar a mente de conceitos limitantes, transmutando o carma com a emanação da energia vital associada ao raio violeta.
Segundo os ensinamentos de diferentes culturas, o carma é a chave para a autotransformação, pois a nossa própria mente é o ponto de origem e de chegada de nossa felicidade. O carma sempre nos leva a perceber que nada está fora e que somos senhores do nosso próprio carma que nos conduz aos renascimentos.
Não há mais tempo para mistérios, tudo já foi ensinado em diferentes livros sagrados, culturas e práticas espiritualistas. Os símbolos do Reiki estão na internet para qualquer um identifica-los. É preciso viver esses conhecimentos na rotina, praticá-los verdadeiramente, educar a mente, corrigir os hábitos e acolher a sua alma. Disciplina sem rigidez, disciplina com flexibilidade.
BESANT, Annie. Karma e Dharma. A lei de ação e reação e a lei da evolução. Brasilia: Editora Teosófica, 2016.
PETTER, Frank A. Manual de Reiki do Dr. Mikao Usui. SP: Pensamento, 2020.