Nós já conversamos que o sentido do amor ao próximo refere-se à ideia de respeito. De fato, é difícil amar nossos inimigos se tomarmos o termo amar como sentimento. E o que é “respeito”? O respeito envolve conhecimento, autorreflexão, desenvolvimento de si mesmo para o melhor.
Já temos consciência de que a mensagem cristã da regra de ouro traz uma profunda reflexão sobre nossas maneiras de ser e agir. É tarefa que exige muito de nós, particularmente, a vontade de mudar a si mesmos, a partir, sobretudo, do enfrentamento de nossos vieses inconscientes.
A primeira face do amor enquanto respeito é o “amor que se dá” que transparece na forma como vivemos, nas pequenas atitudes e na tentativa perene de estarmos em harmonia com o universo – respeitar sempre sem pensar em nada em troca. Por isso, a ética é um professor bondoso quando nos auxilia nessa jornada.
O amor como respeito tem, portanto, no seu segundo momento o “amor que nutre” (OKAWA, 1997) que envolve a concepção do cuidado com o outro. Nutrir resulta em sustentar e requer ações efetivas na direção do outro. Nutrir significa amparar sem julgar porque percebe o processo de causa e efeito: “significa ter a capacidade de entender a relação entre as sementes que você plantou agora e a colheita que virá depois” (OKAWA, 1997: 47) E como o Reiki nos ampara nesta face do respeito?
A energia vital do Reiki nutre os nossos corpos: o físico, astral, emocional e o mental, porque aumenta o nosso conhecimento sobre a energia vital e possibilita ampliar nossa experiência vibracional. E esse alimento restaura nosso ser à matriz original. Pois, todas as vezes que reagimos em desequilíbrio com a harmonia do universo, fragilizamos nossos corpos e nos desviamos do caminho traçado no processo reencarnatório. O amor que nutre pede atenção, e serenidade para aprender, mas não para modificar os outros, para modificar a si mesmo. E assim viver melhor com o outro.
Isso poderá ocorrer quando pensamentos, sentimentos e ações negativas que alimentamos diuturnamente, em qualquer situação, afetam os nossos corpos causando um desequilíbrio, comprometendo a harmonia dos chacras e resultando em doenças emocionais e físicas. Corpos astrais adoecidos, resultam em desafios no corpo físico. Tudo começa na mente. O mundo que existe para você é aquele que você cria o tempo todo.
O Reiki nos ajuda a perceber o “amor que nutre” porque ao praticá-lo, o reikiano nutre a si mesmo e ao outro. Ao ser sintonizado nos símbolos do Reiki passa-se a canalizar a energia universal e ao transmiti-la ao outro, recebe-a primeiramente em si. Não basta evitar o mal, vigiar os pensamentos e sentimentos, mas fazer efetivamente o bem, sempre.
Essa ideia da regra de ouro está presente em diferentes filosofias, religiões, estudos e práticas. Sabe por quê? Porque, ainda assim, não a praticamos na sua inteireza e, por conta disso, retornamos infinitas vezes ao mundo material para o aprendizado ser acolhido em nossos corações. Por isso precisa ser dito, revisado, dito outra vez em diferentes línguas, de formas igualmente distintas, mas guardando o mesmo sentido. Não basta saber, é preciso pôr em movimento, unindo sentimentos e ações.
E por que falhamos? Talvez, porque não estamos atentos a nós mesmos. Por vezes, nosso olhar focaliza a ação do outro e não percebemos a nós mesmos. “A culpa é do outro” ou “Não merecia isso”. Ocorre que está tudo certo. Atraímos situações, pessoas, coisas, acontecimentos, porque estamos vibrando o tempo todo para o Universo.
E o que estamos vibrando para o Universo? É o que nos devolve, verdadeiramente, seja diretamente ou por meio de outras pessoas. Entendeu por que temos situações repetitivas em nossas vidas? Se se repetem é porque não houve aprendizado e não há naquele ponto o amor como respeito que precisa ser assimilado e praticado. O outro é apenas o pretexto.
Perceber que o outro é apenas um gatilho, significa concentrar o olhar para o tipo de emoção que se movimenta em nosso coração e transmutá-la. Seja o que for, perceba como você está vibrando e, se não for no amor como respeito, modifique ou altere sua maneira de ser e agir. Não se apresse para não cair. Mude devagar, mas mude. A mudança é a única constante no Universo, já dizia Heráclito.
Que exemplos podemos pensar para o “amor que nutre”? O acolhimento a um desconhecido que tropeça, a tolerância para alguém que não sabe ouvir, a leveza para aquele que vive na autocobrança excessiva, dentre outros. Pode ser o cuidado de nutrir uma plantinha, um animal doméstico, melhorar as próprias atitudes, porque afinal, a ética se aprende vivendo e o Reiki pode ser o combustível capaz de potencializar nossa transformação.
MCKENZIE, Eleonor. A bíblia do Reiki. O guia definitivo para arte do Reiki. São Paulo: Pensamento, 2010.
OKAWA, Ryuho. Ame, nutre e perdoe. Um guia capaz de iluminar sua vida. São Paulo: IRH Press do Brasil, 1997.
SUNIM, Haemin. As coisas que você só vê quando desacelera. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
Clara Brum, a autora deste artigo.