Há um tempo em que o Espírito nos chama ao silêncio.
Nem toda batalha se vence com espada.
Nem toda cura vem do movimento.
Às vezes, o Divino sussurra: “Fica.”
A mulher que se recolhe está em oração.
O homem que espera está em comunhão.
Ambos escutam o ritmo do Grande Mistério, que não se apressa, que não se prova, que simplesmente é.
Não agir é confiar. É entregar o ego à sabedoria do Alto. É saber que há uma força maior tecendo os fios invisíveis do destino enquanto tu respiras.
O silêncio é altar.
A pausa é oferenda.
A espera é fé.
A alma não se revela sob pressão. Ela floresce no tempo sagrado, como o lótus que emerge das águas calmas, como o sol que nasce sem ser empurrado.
A mulher que não corre atrás, o homem que não reage por impulso, ambos se tornam canais do Espírito.
Guardam o espaço onde o milagre pode acontecer.
Porque às vezes, o maior ato de devoção é não fazer nada. É confiar no invisível. É descansar no colo do Mistério.
E nesse não-agir, a Luz age.
A alma canta.
A verdade vem.
Ruth Collaço, a autor do texto