(Para "grandes" e "pequenos")
Numa floresta encantada, vivia um talentoso pavão chamado Frido, cujas penas brilhavam com as cores de um pôr do sol e cujas danças eram de pura e singela elegância.
Frido tinha um coração generoso, tentava sempre incentivar a luz dos outros animais, partilhando o pouco que tinha para dar.
Seus gestos e performances eram admiradas por todos os animais, atraindo até a atenção da sábia Coruja, a Rainha da floresta.
Havia também um camaleão chamado Picasso, vaidoso e oco, cujas cores eram mutáveis, mas sempre faltava a mesma vida e brilho.
Secretamente consumido pela inveja, Picasso aproveitava da miséria e fraqueza dos outros para chamar a atenção e decidindo aproximar-se de Frido.
Picasso começou a elogiar Frido incessantemente, oferecendo-se para ajudá-lo em seus projetos e elogiando cada detalhe de suas criações.
Frido, ingénuo e generoso como um rio que nunca seca, aceitou a ajuda e compartilhou suas técnicas e segredos, sem perceber que Picasso estava apenas interessado em copiar os seus gestos e ganhar a mesma admiração que tanto queria.
Um dia, foi anunciado um grande festival de talentos na floresta, e ambos, Frido e Picasso, decidiram participar.
Frido criou uma apresentação única, cujas danças e cores deslumbravam como uma aurora boreal.
Picasso, copiando as técnicas que aprendera, apresentou uma grandiosa performance que parecia uma sombra pálida do trabalho de Frido.
O público e a Coruja, sábia como uma biblioteca antiga, reconheceram imediatamente a autenticidade e paixão na criação de Frido.
Picasso, por outro lado, foi exposto pela sua imitação sem vida, tentando em vão roubar a essência do amigo.
Para completar o fiasco, Picasso gaguejava e nervoso, tropeçou e escorregou no palco caindo de cara no chão, arrancando gargalhadas dos espectadores.
A Coruja, tentando manter a compostura, declarou Frido a vencedora e dirigiu-se a Picasso:
"Picasso, a inveja é como uma trilha escorregadia; acaba-se sempre no chão. Da próxima vez talvez, consigas andar a escorregar cair."
Picasso, envergonhado e ainda tentando tirar o pó das escamas, finalmente compreendeu que, em vez de tentar ser uma sombra, deveria buscar o próprio brilho, como uma lanterna que ilumina com luz própria.
E foi assim que o véu da inveja foi levantado, revelando a verdadeira busca pela excelência.
Bem... pelo menos ele conseguiu fazer todos rirem, o que por si só também é um talento.
Moral da história?
A inveja leva-nos a cara ao chão. E, lembra-te... Olha sempre para onde (quem) pisas.
Uta Ventos Sábios
Ruth Colaço, a autora do texto