Mulher - A ferida, o portal e a cura

Não fomos feitos para permanecer feridos. 

Devemos atravessar as nossas tragédias e desafios, e ajudar os outros a passar pelos muitos episódios dolorosos das suas vidas. 

Ao permanecermos presos ao poder das nossas feridas, bloqueamos a nossa própria transformação.  

Ignoramos os dons maiores inerentes às nossas feridas — a força para superá-las e as lições que estamos destinados a receber através delas.  

As feridas são o meio pelo qual entramos nos corações de outras pessoas. Elas existem para nos ensinar a ser compassivos e sábios. 

Sob a Luz da Sabedoria Ancestral, entendo que a ferida é também portal onde a dor não é negada. 

— Ela é acolhida como parte do rito da cura e da expansão da alma. 

Tal como a lua tem suas fases, a Mulher que empreende o caminho do autoconhecimento compreende que cada queda é também um chamado ao renascimento. 

Ao curarmos nossas feridas, não apenas nos restauramos, mas nos tornamos “curandeiras do eu”.  

Ao curarmos o Eu, curamos também o mundo à nossa volta…  

O conhecimento através da vivência não transforma dor em armadura, mas em abraço — ensinando que há força em ser vulnerável e sabedoria em continuar amando apesar das cicatrizes.   

Oração da Mulher que Cura pela Alma 

Mãe Divina que habita em mim, acolho hoje minhas dores como sementes sagradas. Não sou feita para me esconder no ferimento, mas para atravessá-lo com coragem, e renascer com mais luz do que antes. 

Que cada cicatriz seja um mapa de compaixão. Que cada lágrima me lave o olhar para que eu veja com os olhos da alma e abrace o outro com o coração desperto. 

Que a minha dor não me feche, mas me transforme em ponte: entre o humano e o divino, entre a queda e a redenção, entre a sombra e a luz que eu sou. 

Mãe de todas as coisas, ensina-me a confiar no processo, a encontrar sentido mesmo no caos, e a lembrar que — mesmo sangrando — eu sou sagrada, inteira e capaz de amar. 

Que assim seja, e assim será. 

Ruth Collaço, a autora do texto