17 Dec
17Dec

Dou por mim com as duas mãos na cabeça... Que dor de cabeça! Ninguém merece acordar assim, mas depois lembro-me que "fiz uma direta." 

Ontem à noite, assim que deitei a cabeça na almofada senti que tinha companhia.

 E lá estava ela... A Voz.  

Ultimamente ela tem passado por aqui mesmo antes de eu adormecer, e depois já se sabe... passamos a noite na conversa. 

Daí a dor de cabeça. Nada que um café forte não resolva. 

De chávena na mão vou até ao quintal, recebo a luz do sol, é que os códigos do dia são sempre dados pela luz do sol, e mesmo que só veja nuvens, eu sei que por cima das nuvens há sempre o sol.... 


lá vou eu com as minhas analogias. 

Voltando à noitada... aqui vai o "relatório" tal como eu daria à minha melhor amiga. 

Disse-me a Voz: 

"Sabes..." e ela começa sempre assim, pensei eu. "Toda essa turbulência pode ser um índice das coisas com as quais sentes conflito.

" Esforço-me para entender, mas ela não dá tréguas e segue.   

"Neste momento sentes-te guiada pelo teu instinto. A Intuição não te é uma sensação estranha e tu sabes o quão valiosa ela é para tomares as tuas decisões. 

É tua e para isso te foi dada. 

O teu anseio pela mudança depende da tua habilidade de "penetrar" nos problemas e chegares ao fundo das questões. 

Reconheço que não é tarefa fácil para uma pessoa que se recusa a aceitar uma ideia até que a mesma lhe seja provada. Mas tenta, e aceita tudo o que te é oferecido e aprende a trabalhar com o que tens. 

Digo-te mais, o teu maior foco devia recair sobre a tua capacidade de reformular as tuas expectativas. Há sempre a dor que vem com a rotura de padrões que te são comuns, mas também há dor em viveres com esses mesmos padrões, não? Tu já sabes que tens que fazer uma escolha, e sabes que já é tempo de o fazeres...

Ainda estás muito apegada à ideia de que há um certo ou errado, ou já percebeste que as escolhas não são certas ou erradas? Escolhas são escolhas, minha filha."   

Pronto! Quando ela me chama de filha, sei que não vale a pena contestar pois as suas palavras vêm de um lugar de amor e não de repreensão. 

Sinto um calorzinho no peito, aquecer-me o coração e deixo-me estar. 

Serena. 

Flutuo na onda de amor que me é dirigida.   

"Tens construído uma narrativa pessoal muito exigente... sê mais amável contigo própria. Dá-te colo... Apesar da tua vontade de crescer, tu ainda não colaste as tuas peças todas. Sim essas que quebradas, tentas ignorar. Queres-te sarar e ao mesmo tempo separar-te de ti. E é esta contradição interna que deves começar a resolver primeiro. 

Isto porque tu acreditas, e eu confirmo, que existe uma versão do amor verdadeiro por aí.  

No fundo tens também medo de te deixares tocar pelas pessoas e fazes isto através das tuas inúmeras ações e gestos de resgate. 

Não.... não me franzas a sobrancelha como se não me entendesses. Não te afastes das pessoas, mas não te afastes de ti mesma. 

Tens a capacidade de crescer e fazer crescer baseada exatamente nessa tua crença de que "o" Amor existe, existe. E existe mesmo.   

Por isso filha, agora.  

AGORA mesmo, deixa de te autoavaliar e dá-te colo.  

Agora, Não ontem ou amanhã. 

Agora. 

Porque o "AGORA" é sempre.

" Com estas palavras, embrulhei-me no meu cobertor e deixei que ela me adormecesse ao som da chuva. 

Ventos Sábios 



Ruth Colaço: Autora do Texto e Video

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