13 Oct
13Oct

Declaro-me escrava da palavra crua
Das noites que perco em conversas caladas 
Do tecto vazio qual tela sem cor
Paredes vazias de nada pintadas.

Declaro-me viva, mulher em tormento 
E que vou morrendo desde que nasci 
Nos dias que vivo não tenho alento
Da busca incessante, da estrada sem fim.

Declaro ainda que vibro em silêncio 
Nas preces que lanço ao céu que me cobre 
Nas nuvens e ventos que pedem clareza 
Eu lanço o pedido, sou louca e carente.

Declaro-me livre das horas vazias
Tão cheio é o meu dia que as horas me escapam
Sou livre na jaula das regras que ditam 
Que eu não sou livre, que eu não estou viva


...
Declaro-me escrava 
Pelo Amor liberta
Sou página escrita
Num livro fechado 


Sou morte, sou vida
Sou estrada banida
Onde a poeira
É canto à vida 

E quando pensarem 
Que me dou vencida
Atentai! reparem!
Minha mão erguida!


Maria do Vento (Heterónimo)
Ventos Sábios - Ruth Collaço® 


Ilha do Pico - Açores Julho 2024


Ruth Collaço, a autora desta prosa poética.


Comentários
* O e-mail não será publicado no site.