Sendo eu uma defensora da clareza em todas as suas formas e vertentes, não me foco na "verdade" e "mentira"... foco-me sim na clareza. Porque verdades ou mentiras, são vividas e sentidas de forma individual e de acordo com o íntimo de cada um.
Sendo que acredito que havendo clareza para comigo e á minha volta, tenho eu por consequência melhores probabilidades de decidir de forma lúcida e conveniente.
E por causa desta minha mania de clareza, vejo muitas vezes com a necessidade de dar nomes, catalogar, indiciar coisas e acima de tudo relações.
Mas como? se nem eu consigo ser sempre clara comigo mesma?
As minhas decisões afetam-me a mim e a minha auto imagem.
Diariamente há uma parte de mim que se transforma, e eu evoluo e avanço.
A cada decisão (penso que) tenho clareza necessária, contudo percebo que é quando eu ponho rótulos e nomes em certas coisas, elas deixam de ser o que são.
Não porque sejam, mas porque eu lhe dei nome...
Porquê então dar nomes a coisas, pessoas, relações que estão tão bem como estão?
Clareza sim. mas será a clareza um impedimento da descoberta.
E volto à (minha) dualidade.
Decido então explorar-me a mim e à vida (com clareza de espírito), descobrir o que é o amor nas suas variadas formas, e a vida nas suas várias formas de amar.
Que o amor fala alto, e eu... devo ouvir o meu corpo.
Perceber o que está em causa a cada dia (a cada momento... ainda não consigo) e quando eu quiser quebrar a minha rotina, quando eu procurar por mais e melhor... devo olhar o meu semelhante e ver-me a mim.
Espremo os dias nas palmas das mãos
Sabendo que cada momento que hoje tenho
É meu, e apenas eu, o sinto e vivo assim
Tenho os braços cheios de dias saudade
Apuro no peito o sabor das verdades
Que antes me eram pura liberdade
Oferecem-me hoje em sons de clareza
Saudades, verdades, tempo intemporal
Tempos idos, vindouros, de ouros vividos
Um tempo claro, sem sombras e dúvidas
Onde o brilho não ofusca, a certeza não teme
Sigo o tempo, com o tempo que me é dado
Dou o tempo a quem com o olhar me pede
Meço o tempo com tempos perdidos
Carimbo tempos do tempo, meu cunho clareza
Entrego-me ao tempo a cada meu tempo
Do tempo que tenho reclamo clareza
eu nada mais peço, promessas são vis
Clareza, princípio que prezo na vida!
Ventos Sábios
Ruth Colaço: Autora do texto