09 Jun
09Jun

Tenho uma voz dentro de mim, que hoje me dizia em tom acusatório que (deixar-me) quebrar um pouco de vez em quando, e que pedir ajuda é um ato egoísta. que me devo manter forte, erguida, inquebrável. ou será (des)quebrável o termo correto? que não me devo insurgir NUNCA, que devo manter a calma e serenidade SEMPRE. Que devo dar a outra face... e eu tento, e tenho levado tanto estalo!

Sempre que sinto um dedo que dentro de mim se aponta contra mim, faço o me foi ensinado, ou tento porque este vento que trago dentro de mim nem sempre me ajuda na difícil tarefa de autocontrole.
Desta vez consegui.
Intuí.
Não é assim tão egoísta.

Preciso apenas aprender (aos 56 anos? a sério?!) que nesta vida, por vezes a positividade (que é a meu ver bem diferente do otimismo) por si só não passa de uma ilusão (atenção, que eu disse POR VEZES).
Preciso ter calma, tratar-me e cuidar-me com bondade e generosidade. Que não devo forçar nem esperar que quem me rodeia entre nesta minha "fantasia".

Devo decidir-me entre conectar-me com o que me rodeia ou com a minha individuação.

Que quando transfiro os meus traumas para o próximo, estou sempre no meu pior.
Que devo tentar perceber quais os motivos que me definem as escolhas, sim, mas os motivos subconscientes ou ainda aqueles que visto com a capa de trauma. Há que encontrá-los, reconhecer e entender, e que começa então a (minha) cura.
Que posso sim posicionar-me e dar novo ou renovado propósito aos talentos. E se cair, peço ajuda. Se me insurgir, que seja em sabedoria e justiça e que se este meu vento soprar, que eu o saiba canalizar.
Que quanto mais profundamente (me) buscar, maior é a maravilha da (minha) descoberta.



Ventos Sábios
(Heterónimo de Ruth Collaço)


Ruth Collaço, a autora deste artigo.



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