A vida real, a que é escrita na pele e cicatriza não é forjada em sonhos e noites de luar. Tão pouco em dias de céu azul em que artistas, amantes e fraudes colocam suas máscaras para enfrentar o mundo.
A vida real é forjada nas veias de quem sente contra a vontade e tudo faz para sobreviver ao amor.
Esse que tirano se ostenta num trono sonhado por cada um que o olha mas não o vê.
É aí que tudo começa, que tudo acaba mas infelizmente tudo, tudo continua. É um dia depois de outro, tropeço após tropeço, até que a carne fique tão viva e gasta que o homem aprende por ultimato a rastejar.
E o amor, aí, nesse preciso momento coloca a mais bela e falsa mascara de todas.
A máscara do amor.
Não, não me enganei!
É a da máscara do amor mesmo que se trata.
É que sabem? Há tantas, tantas, tantas máscaras com o mesmo nome que o próprio diabo teve que as numerar por dentro para nem ele se enganar!
Ora vejamos...
Se eu vos fizer a pergunta de quantos amores conhecem, tenho a firme certeza que para a roda prontamente saltaria uma panóplia de maravilhosos vocábulos...
E a roda rodaria sem parar.
Mas se eu vos desafiasse a identificarem as mascaras de amor que conhecem, ou usamos...
Quantas rodas daria a roda?
Quantas bruxas ali dançariam...
Quantas fogueiras se acenderiam?
Quantos homens se enforcava, quantos gritos se ouviriam? E lágrimas?
Seriam suficientes para apagar o fogo, ou será que salgariam a carne das oferendas?
Dançamos, meu povo, numa época em que o amor é romantizado de toda a maneira e feitio.
Em que o mesmo serve de capa para quem se pretende vitima, herói, heroína, opressor, salvador, artista, poeta, homem, mulher....
Entenda-se! Entendam-se!
O amor não é amor quando nos tem utilidade.
Isso é paixão, ambição, ganância, vontade, tesão, poder..
Porque amor Amor, é coisa que não se diz, não se mostra, não cobra nem se cobre.
Amor sente-se e confessa-se no fogo de um silêncio apagado pelo sal das lágrimas que se escondem, se bebem e nos endurecem..
E por falar em sal, não é que me fez lembrar de uma história... não foi a mulher de Ló que por tanto amar a vida que tinha, virou também ela estatatua de sal?!
Água doce! Muita! Lava e limpa.
Não é benta!... é doce.
E agora, se me permitem, vou-me servir de água doce. Tenho o rosto salgado.
Ps: Amo-te.
Ventos Sábios

Ruth Collaço, a autora do texto