02 Nov
02Nov

A vida real, a que é escrita na pele e cicatriza não é forjada em sonhos e noites de luar. Tão pouco em dias de céu azul em que artistas, amantes e fraudes colocam suas máscaras para enfrentar o mundo. 

A vida real é forjada nas veias de quem sente contra a vontade e tudo faz para sobreviver ao amor.  

Esse que tirano se ostenta num trono sonhado por cada um que o olha mas não o vê. 

É aí que tudo começa, que tudo acaba mas infelizmente tudo, tudo continua. É um dia depois de outro, tropeço após tropeço, até que a carne fique tão viva e gasta que o homem aprende por ultimato a rastejar. 

E o amor, aí, nesse preciso momento coloca a mais bela e falsa mascara de todas. 

A máscara do amor.    

Não, não me enganei!    

É a da máscara do amor mesmo que se trata. 

É que sabem? Há tantas, tantas, tantas máscaras com o mesmo nome que o próprio diabo teve que as numerar por dentro para nem ele se enganar! 

Ora vejamos...  

Se eu vos fizer a pergunta de quantos amores conhecem, tenho a firme certeza que para a roda prontamente saltaria uma panóplia de maravilhosos vocábulos... 

E a roda rodaria sem parar 

Mas se eu vos desafiasse a identificarem as mascaras de amor que conhecem, ou usamos... 

Quantas rodas daria a roda?    

Quantas bruxas ali dançariam...   

Quantas fogueiras se acenderiam?   

Quantos homens se enforcava, quantos gritos se ouviriam? E lágrimas?  

Seriam suficientes para apagar o fogo, ou será que salgariam a carne das oferendas? 

Dançamos, meu povo, numa época em que o amor é romantizado de toda a maneira e feitio.    

Em que o mesmo serve de capa para quem se pretende vitima, herói, heroína, opressor, salvador, artista, poeta, homem, mulher.... 

Entenda-se! Entendam-se! 

O amor não é amor quando nos tem utilidade.    

Isso é paixão, ambição, ganância, vontade, tesão, poder.. 

Porque amor Amor, é coisa que não se diz, não se mostra, não cobra nem se cobre. 

Amor sente-se e confessa-se no fogo de um silêncio apagado pelo sal das lágrimas que se escondem, se bebem e nos endurecem.. 

E por falar em sal, não é que me fez lembrar de uma história... não foi a mulher de Ló que por tanto amar a vida que tinha, virou também ela estatatua de sal?! 

Água doce! Muita! Lava e limpa.   

Não é benta!... é doce.  

E agora, se me permitem, vou-me servir de água doce. Tenho o rosto salgado. 

Ps: Amo-te. 

Ventos Sábios

Ruth Collaço, a autora do texto

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