Hoje voltou, a voz. Mas foi a minha.
Repetidamente me digo e acuso de ser egoísta. que soltar vapor, e largar “stress” e tensão é egoísmo. Mas não é.
Tenho apenas que perceber que a constante provocação dolorosa que me é difícil de aceitar, que esse cutucar interior tem a tendência de frustrar a minha capacidade de me conectar com o Todo e comigo mesma.
Ser paciente, faça eu o que fizer, tento não julgar quem eu amo de forma demasiadamente dura.
Decidir entre ser mártir ou tomar conta de mim é uma escolha. Estou no meu pior quando subestimo o meu valor e não posso nem devo mudar o meu “core”, a minha essência para simplesmente acomodar as expectativas alheias.
A matéria com que me faço a mim mesma não pode ser a contradição interior.
E então, corto o cordão umbilical, e liberto-me do ventre que é feito de expectativas que não são minhas.
Aliás... eu nem gosto de expectativas... sempre me levaram à desilusão.
Snip snip!
Há que começar o processo de sarar.
Ventos Sábios
Solto o cabelo sobre o teu colo
afago o rosto na palma da mão
Fecho os olhos e descanso
preciso afastar esta solidão.
O cheiro macio de um colo amado
Acalma a dor que trago no peito
aqui eu encontro refúgio, o chamado
e sei que aqui não tenho defeito.
Tuas mãos carinhosas, cheiro a maçã
tua voz que me canta, sobre o amanhã
eu posso sonhar que tudo passou
se tu me acolhes, a dor já cessou
Quisera eu ter para sempre o teu colo
poder nele chorar e tudo sarar
somente aqui eu encontro consolo
sentir que alguém em saber aceitar.
Assim vou regando, o regaço de amor
de um colo perfeito que cura a dor
e tu que calada já choras comigo
serás sempre assim, meu colo e abrigo.
Uta
(Heterónimo)
Ruth Colaço: Autora da poesia e texto