Qualquer qualidade de inteligência, ternura, franqueza, sensualidade, profundidade que a mulher tenha possuído aos vinte anos de idade, com o esmerado desenvolvimento ao longo do tempo, poderá estar duplicada ou até triplicada quando, de facto, na sua alma, se forma uma "avó".
Cada uma é única e representa um (o) desafio e tentativas disponíveis a todos nós.
Importante que não se menospreze ou desvalorize nenhuma, pois todas podem ir do mais seguro ao mais perigoso, de acordo com o que o seu instinto dita.
Ao som destas folhas que seguem meus passos
sigo este caminho que há tanto conheço
fazendo do ritmo das folhas já secas, partidas
que enrolam e embrulham no chão já antigo
de ombros caídos, sonhos esquecidos, perdidos
regando o trajeto, a rota escolhida
de lágrimas, risos, sorrisos e gritos
de quem já lutou, perdeu e venceu
prostrada me tenho, parada e cansada
eu ergo os meus olhos rogando aos céus
justiça, equilíbrio, clareza e verdade
eu clamo ao deus que por vezes se esconde
lançando um clamor e que hoje me veja
ampare o meu corpo, meus braços não partam
meus joelhos não cedam, minha força não falte
nas nuvens escondo meus medos, segredos
sabendo que a luz me acolhe e recebe
sem nunca trair meus passos, meus olhos.
Que a luz me preencha, em raios lilás
me cure a alma e sare o peito que tanto já sangra
de tanto ter dado, sem ter nem cobrar
oh escuta-me então, se vives se existes
não deixes meus pés aqui fraquejar
que as mãos eu estenda, para dar, partilhar.
Saiba eu comigo fazer caminhar, a vida inflamar
quem busca a luz, em verdade crescer.
Arrasto os meus pés, de novo caminho
e as folhas me seguem, parecendo dizer
para a frente é caminho, parar é morrer!
Ventos Sábios
Ruth Colaço: Autora do texto e poesia