24 Aug
24Aug

 AGORA!... porquê agora?

Sinto um frémito no coração da Terra, como se Gaia respirasse mais fundo, chamando-me ao centro da minha própria tempestade. 

Agora! 

— oiço o tempo gritar 

— porque já não há margem para o adiar da alma.  

Vivemos entre ciclos que se fecham e portais que se abrem, como folhas que caem para dar lugar ao broto. E neste novo ciclo, percebo que não há espaço para o velho jogo de sombras. 

Nos relacionamentos, especialmente, tornou-se hábito “vestir o capote” da inocência e sacudir a lama da responsabilidade para (o) outro. 

Apontar o dedo é definitivamente mais fácil do que encarar o espelho. Descartar a consciência pesada é mais cómodo do que mergulhar na verdade que me dói — mas que também me cura. E assim, defraudando-me. Perco-me a chance de fazer parte do mundo que sonho, porque não ouso ser inteira. 

Na minha opinião a espiritualidade não pode ser um refúgio para os que fogem, mas um campo fértil para os que enfrentam.  

A natureza ensina:  

O carvalho não se desculpa por crescer, nem a tempestade por limpar. 



O tempo pede coragem, não perfeição. 

Pede presença, não desculpas.

E quando digo presença, refiro-me a um estado de consciência ativa e comprometida, onde estou verdadeiramente inteira no momento — emocional, mental e espiritualmente. É assumir responsabilidade pelas minhas próprias escolhas e sentimentos, sem me esconder atrás de justificações ou culpas supostamente alheias. 

Ser presença é participar da vida com intenção e verdade, enfrentando o que é difícil com coragem, em vez de reagir por hábito ou medo. 

AGORA é o tempo porque a verdade já não se cala: Oiço de novo um sussurro em mim. 

Um sussurro que vem dos ventos da mudança, um murmúrio tremido nas raízes da Terra, que me chama com urgência: 

Agora! Não ontem, não amanhã. 

Agora!  

Porque o planeta pulsa num ritmo novo, como uma serpente que muda de pele, deixando para trás o velho ciclo de dormência e desculpas. 

Cada relação é-me um espelho, e cada escolha, uma semente e só quem planta com coragem colherá com propósito. 

A humanidade está a atravessar um portal invisível: Não físico, mas vibracional.  

É como se estivéssemos todos no limiar entre o inverno da inconsciência e a primavera da responsabilidade

O cosmos já não parece tolerar a estagnação. 

A Terra, nossa Mãe paciente, começa a estremecer, a sacudir os frutos podres da indiferença. Já não há janelas de (re_) tempo para apontar dedos como galhos secos que não dão sombra nem fruto. 

A postura de vítima é (e sempre foi) um pedregulho no rio da minha evolução.

Rio Homem

E este rio não espera. 

Este rio contorna e avança destemido e sábio.

A espiritualidade, volto a pensar, não pode ser fuga, tem que ser retorno — ao centro, à verdade, à ação consciente. 

E pergunto-me: 

Será que vou continuar a dormir enquanto a floresta inteira desperta? 

Será que vou continuar a viver “fragmentada” enquanto o universo me chama à inteireza? 

Caminhemos!? 

Voz - Heterónimo de Ruth Collaço® 

Ventos Sábios 

Ruth Collaço, a autora deste texto

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