10 Aug
10Aug

Há um murmúrio antigo que vive em mim. 

Um chamamento suave, mas firme, que já não consigo ignorar. 

É como se algo sagrado, vindo do centro do meu peito 

— talvez do templo secreto do meu chakra cardíaco 

— batesse à porta do meu coração com a urgência de quem espera há eras por ser reconhecido. 

Essa presença, esse Eu profundo, pede-me escuta. Não com os ouvidos do mundo, mas com a alma nua, despida de máscaras.

Sinto que há uma voz em mim que quer nascer. 

Quantas vezes tentei ser ouvida e o esforço parecia desmedido?

Como se cada palavra exigisse uma travessia no deserto.

Às vezes, falar dói.

Mas cantar… cantar é diferente.

Já experimentei?

Talvez não com melodia, mas com vibração. 

O canto da alma não precisa de palco 

— apenas da coragem de se abrir.

O meu bem-estar não depende de fórmulas externas. Depende da minha vontade de olhar de frente os meus medos, um por um, como quem faz um inventário sagrado. 

Sei que é tarefa dantesca. Encarar os monstros internos exige mais bravura do que enfrentar o mundo. Para mim, que tantas vezes “engoli um boi” sem pestanejar, mas tropecei num mosquito de emoção, compreender os meus sentimentos é uma travessia lunar — feita de fases, de sombras e de luz.

Mas é aí que reside a alquimia. 

No subtil. 

No chakra da garganta que implora expressão, no plexo solar que pede ação alinhada, na raiz que deseja segurança sem prisão. 

E acima de tudo, na minha ligação ao Eu — esse centro luminoso que me habita — e ao EU SOU, a Centelha Divina que me recorda que sou mais do que carne e pensamento. 

Sou energia em movimento, sou propósito em expansão, sou mulher em renascimento.

Dentro de mim pulsa o sagrado feminino — não como conceito, mas como força viva.

Ele dança nos meus silêncios, nas minhas águas internas, nas minhas escolhas

E lembra-me que não preciso anular ninguém para ser fiel ao meu caminho. Basta escolher novos trilhos que ressoem com o meu projeto de alma.


Imagem principal: Tela: "A Fuga" de Ruth Collaço (inspiração para o artigo)


Ruth Collaço, a autora deste texto


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