28 May
28May

Somos apenas passagem 

O vento a contornar os outonos da existência. 

Somos o sopro quente da tarde 

O brilho da chama que arde 

O abraço que se abre 

A saudade que o peito invade 

Sempre que o ocaso declina 

Sem que se possa evitar 


É o final do dia 

O crepúsculo que desce devagar 

O quase-noite e, contudo 

Ainda a manhã a despontar. 


Somos apenas aragem 

Um sopro de brisa suave 

Um sussurro etéreo que invade 

O sono, o sonho 

E a dormência dos sentidos acontece. 


Somos a inquietude da espera 

O orvalho das manhãs frescas e claras 

A voz cálida que cicia e reitera 

O rasar de lábios que arrepia 

O beijo que seduz e acaricia 

O pranto salgado que nos cala 

O silêncio adocicado que nos fala 

A luz que do alto nos aquece e alumia. 


Somos apenas romagem 

Peregrinos em constante mutação 

O tempo a ponte para a outra margem. 

Sejas Tu, a estrela de Natal que nos conduz 

A Luz brilhante e eterna que seduz 

O foco florescente que ilumina 

O caminho para casa. (I)

Dulci Ferreira, a Autora da Poesia

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