percebo, já pouco resta de mim
vidraças da alma que ficam tingidas
escondem o brilho que ainda retenho
tentando salvar meu grito e meu riso
eu estendo os braços abrindo os vazios
que sombras me deixam deitados aos pés
descalço os meus pés, e calco a terra
levanto a poeira que outrora pisei
rodando com as deusas, dançando com o sol
entoo o ícaro que mim me foi dado
o canto poder de quem me acompanha
ao ritmo batido, tambores me chamam
tamborilho a voz que por dentro me fala
partilho a força que ali me é dada
seguindo serena, meu rumo meu pranto
e no firmamento, constato e aceito
que a estrela do norte se mostra e me guia
...
recebo o sol, acolho a lua,
no vento as asas
estico e voo
não temo, respeito
respeito, e sigo!
se o pouco que vejo de mim já não é
oh! como almejo
na fé, bater pé!
Ruth Collaço
Ventos Sábios
Imagem: Cromeleques - Alendres
Ruth Collaço, a autora desta poesia