Por vezes, quando falamos sobre amor falamos sobre luta. Acreditamos que amar implica lutar, conquistar, resistir quando, lá no fundo, o caminho do amor é o caminho da rendição. Apenas o ego escolhe o caminho da luta. Foi isto que nos ensinou Jesus, o Mestre dos Mestres. Amar é rendição.
E o que é realmente rendição?
A rendição apenas acontece quando surge a consciência de que Eu e o Outro somos Um.
Não há distância alguma por mais distantes que estejamos. Não há necessidade de atacar ou de defender.
A rendição é o soltar de todas as armas, defesas e amarras.
É o profundo compreender de que aquilo que faço ao outro, faço a mim mesmo. Render é o caminho da não razão, não imposição e não conflito.
A rendição é a luz da aceitação.
Aceito-me como sou e aceito como são. Não há agressividade que nasça nas terras da rendição.
Lembra-te: o ego não está em ti.
Se estiveres sozinho no planeta, não existirá ego.
O ego precisa que o outro exista.
Ele situa-se algures a meio entre ti e o outro, onde a luta, o conflito, o desentendimento e a separação existe.
Quando te rendes e aceitas que o «outro» é apenas uma ilusão, porque ambos são um, então o ego não sobrevive. Ele sobrevive na distância, na dualidade, na separação e não na união.
Render é confiar. Confiar no nosso guia interior e no grande guia da existência. A verdadeira rendição é a transcendência da dualidade e o mergulhar completo da unidade. Quando nos rendemos, libertamos a dualidade, a divisão e o confronto para sermos absolutamente UNOS. Unos com Deus, unos com o outro, unos com a vida. O medo apenas surge, quando não nos rendemos. A rendição é o caminho do amor.
Quando nos rendemos, deixamos de ser uma gota separada e permitimo-nos ser todo o oceano, dissolvendo-nos nele.
Jesus mostrou que a morte e o sofrimento físico nada eram perto da Verdade, da Rendição, do Amor.
Jesus mostrou o caminho da Unidade.
Porque ganhar ou «dominar o mundo» (como dizia Jesus) é saber que nunca esteve perdido.
Àngela Catarina Ferreira: Autora do Texto