O dia do adeus aproxima-se!

Já sou pouco no pouco tempo que me resta, ou talvez já nada seja, no tempo que já não existe!


-Tantas horas vividas!

-Tantos recortes de gris e sombra!

Assim é a vida, um rio cheio de águas que, ora espelha o céu azul, ora o negro do infinito!


Hoje, estou aqui!

Amanhã não sei onde estarei!

Estarei, onde as filigranas do vento me levarem!


Triste é o adeus deste misterioso labirinto que se chama realidade!

Uma realidade agora num areal de outono, pintado numa tela com mãos cheias de suor e vento!


Aproxima-se o adeus e eu penso nas pequenas grandes coisas que deram significado aos meus dias!

-Sei, que não estou acorrentada ao tempo!

-Sei, que a minha viagem é uma inexorável passagem de nada!

-Sim, sei, mas também sei, que nesta estação da vida, chamada Outono, me ergo nas folhas soltas que se elevam aos céus!

Nelas me irei encontrar, mortal, porque a morte existe, sem grande alarido nem ruídos, mas está lá, num ponto obscuro, com asas de abutres esperando sua vez!

E eu, na incerteza de chegar ao inverno da minha vida, aqui estou, na serenidade da minha alma, aguardando esse anjo vestido de negro, sempre pronta para com ele voar até à dimensão maior!

Um anjo negro, mas com uma auréola de Luz, que me dará toda a paz do Universo.


Sim, aproxima-se o adeus, mas eu ainda continuo viva nas folhas soltas da árvore da minha vida, pensando no futuro e na esperança para aqueles que cá ficam! 

 

Publicado em
30/9/2021
na categoria
Caminhos na História
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Celeste Almeida

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