10 de Junho de 1580:
Data provável da morte de Luís Vaz de Camões
Nome: Luís Vaz de Camões
Nascimento: c.1524/1525
Morte: 10-6-1580
Poeta português, filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, Luís Vaz de Camões terá nascido por volta de 1524/1525, não se sabe exatamente onde, e morreu a 10 de junho de 1580, em Lisboa.
Pensa-se que estudou Literatura e Filosofia em Coimbra, tendo tido como protetor o seu tio paterno, D. Bento de Camões, frade de Santa Cruz e chanceler da Universidade.
Tudo parece indicar que pertencia à pequena nobreza.

Atribuem-se-lhe vários desterros, sendo um para 'Ceuta', onde se bateu como soldado e em combate perdeu o olho direito - perda referida na 'Canção Lembrança da Longa Saudade' - e outro para 'Constância', entre 1547 e 1550, obrigado, diz-se, por ofensas a uma certa dama da corte.
Depois de regressado a Lisboa, foi preso, em 1552, em consequência de uma rixa com um funcionário da Corte, e metido na cadeia do Tronco.
Saiu logo no ano seguinte, inteiramente perdoado pelo agredido e pelo rei, conforme se lê numa carta enviada da Índia, para onde partiu nesse mesmo ano, quer para mais facilmente obter perdão quer para se libertar da vida lisboeta, que o não contentava.
Segundo alguns autores, terá sido por essa altura que compôs o primeiro canto de Os Lusíadas.

Na Índia parece não ter sido feliz.
Goa decepcionou-o, como se pode ler no soneto 'Cá nesta Babilónia donde mana'.
Tomou parte em várias expedições militares e, numa delas, no Cabo Guardafui, escreveu uma das mais belas canções:
'Junto dum seco, fero e estéril monte'.
Viajou de seguida para Macau, onde exerceu o cargo de provedor-mor de defuntos e ausentes, e escreveu, na gruta hoje reconhecida pelo seu nome, mais seis Cantos do famoso poema épico.
Voltou a Goa, naufragou na viagem na foz do Rio Mecom, mas salvou-se, nadando com um braço e erguendo com o outro, acima das vagas, o manuscrito da imortal epopeia, facto documentado no Canto X, 128.

Nesse naufrágio viu morrer a sua "Dinamene", rapariga chinesa que se lhe tinha afeiçoado. A esta fatídica morte dedicou os famosos sonetos do ciclo 'Dinamene', entre os quais se destaca Ah!
'Minha Dinamene! Assim deixaste'.
Em Goa sofreu caluniosas acusações, dolorosas perseguições e duros trabalhos, vindo Diogo do Couto a encontrá-lo em Moçambique, em 1568, "tão pobre que comia de amigos", trabalhando n'Os Lusíadas' e no seu 'Parnaso', "livro de muita erudição, doutrina e filosofia", segundo o mesmo autor.
Em 1569, após 16 anos de desterro, regressou a Lisboa, tendo os seus amigos pago as dívidas e comprado o passaporte.
Só três anos mais tarde conseguiu obter a publicação da primeira edição de 'Os Lusíadas', que lhe valeu de D. Sebastião, a quem era dedicado, uma tença anual de Quinze Mil (15 000) réis pelo prazo de três anos e renovado pela última vez em 1582 a favor de sua mãe, que lhe sobreviveu.
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Os últimos anos de Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não morreu de fome foi devido à solicitude de um escravo Jau, trazido da Índia, que ia de noite, sem o poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia seguinte.
O certo é que morreu a 10 de junho de 1580, sendo o seu enterro feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos.
Um fidalgo letrado seu amigo mandou inscrever-lhe na campa rasa um epitáfio significativo:
"Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu."
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Se a escassez de documentos e os registos autobiográficos da sua obra ajudaram a construir uma imagem lendária de poeta miserável, exilado e infeliz no amor, que foi exaltada pelos românticos (Camões, o poeta maldito, vítima do destino, incompreendido, abandonado pelo amor e solitário), uma outra faceta ressalta da sua vida.
Camões terá sido de facto um homem determinado, humanista, pensador, viajado, aventureiro, experiente, que se deslumbrou com a descoberta de novos mundos e de "Outro ser civilizacional".
Por isso, diz Jorge de Sena:
"Se pouco sabemos de Camões, biograficamente falando, tudo sabemos da sua persona poética, já que não muitos poetas em qualquer tempo transformaram a sua própria experiência e pensamento numa tal reveladora obra de arte como a poesia de Camões é."
A 10 de junho, comemora-se o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
