Lutero, descontente com esta situação no dia 31 de outubro de 1517, afixou na porta da catedral de Wittenberg as “95 Teses contra as indulgências”. Nelas acusava o Papa e os dogmas da igreja, pois acreditava que a salvação depende da fé e não das boas obras.

Assim, Lutero cria uma doutrina - O Luteranismo
A justificação pela fé e a doutrina da predestinação:
Na base doutrinária da reforma instituída por Lutero estava:
· A oposição à compra de indulgências;
· A justificação pela fé, equivalente a uma nova doutrina da salvação;
· No Sacerdócio Universal, não existia a grande separação entre o clero e o resto da população, o que alastrou a pregação da palavra divina.
O batismo era suficiente para exercer a função de “sacerdote”.
· Infalibilidade da Bíblia: essa característica afrontava diretamente o poder papal. Para Lutero, o poder infalível seria o da Bíblia e não de um membro do clero. Ele acreditava que todos deveriam ter contato direto com as escrituras e, por isso, o texto bíblico deveria ser traduzido para todas as línguas e não existir somente em latim.
Só misericórdia de Deus tornava o homem justo e o conduzia à salvação, a fé era uma questão de graça divina.
O luteranismo abriu portas à teoria da predestinação.
Vontade de Deus sobre a salvação de cada um, ao determinar os merecedores da fé, Deus escolhia uns para a salvação destinando os outros à condenação.
Nos países luteranos, o Chefe de Estado, desempenhava a função de “Chefe da Igreja”, desenvolveram-se assim, as Igrejas Nacionais Evangélicas que exaltaram os príncipes ao profanar os bens eclesiásticos.
Lutero, só reconheceu dois sacramentos:
· O Batismo;
· E a Eucaristia.
Considerou os restantes sacramentos falsos, pois, foram ordenados pelo papado, uma instituição humana e não divina.
Lutero profere que a prática cristã se define pela relação pessoal do crente com Deus e não pelas regras e leis estabelecidas pelo homem.
A vida religiosa é uma demostração permanente de fé profunda para com Deus.
A Expansão do Luteranismo:
O luteranismo contou com o apoio:
· Dos burgueses;
· Dos príncipes e da pequena nobreza, tanto por convicção como por interesse pelos bens eclesiásticos;
· E dos camponeses;
· Contavam também com o apoio da imprensa que auxiliou na expansão dos escritos de Lutero e da nova bíblia traduzida.
· Humanistas que justificaram as ideias luteranas
· E artistas que colocaram os seus talentos ao serviço da propaganda luterana.
Carlos V, ascendeu ao trono do sacro império romano, em 1519.
Este defrontou-se com sérias dificuldades para manter a unidade da igreja.

Este mostrava-se contra a reforma, contudo depois de vários conflitos e protestos rendeu-se à divisão religiosa e aceitou a “Paz de Augsburgo”.
Fora do sacro império a expansão do luteranismo prosseguia com êxito.
Com a criação de um novo estado luterano em território Teutónico – o ducado da Prússia – formado por Alberto de Hohenzollern, em 1525.
A expansão do luteranismo ainda continuava no século XVI, na Suécia, na Finlândia, na Dinamarca e na Noruega que já se haviam convertido à nova religião.
O Calvinismo:

João Calvino é considerado um segundo fundador do protestantismo.
Nascido na França, em 1509, tinha na base das suas ideias a influência do pensamento de Lutero e iniciou o calvinismo em Genebra
O protestantismo de Calvino foi o mais significativo dos movimentos reformistas que se seguiram à rutura luterana. Tal como Lutero, Calvino baseava o cristianismo na justificação da fé, no sacerdócio universal e na autoridade exclusiva da bíblia.
No entanto existem diferenças:
· Calvino alega que a predestinação é absoluta, para ele o homem jamais perderia a graça da fé se nascesse com ela. Já Lutero considerava que se uma pessoa deixasse de crer, a sua salvação deixaria de estar garantida.
Os calvinistas sentiam-se parte de um grupo de eleitos – Os predestinados
Calvino defende que só a ele lhe compete a interpretação do evangelho; quanto aos sacramentos reconhece o Batismo e a Eucaristia com apenas a presença espiritual de Cristo.
No caso do Luteranismo, admitia-se que na eucaristia a presença de Deus era real.
Ao contrário de Lutero, Calvino defendia a supremacia da igreja sobre o estado, o que levou a transformar Genebra numa sociedade teocrática administrada por um consistório eclesiástico.
A partir desta sociedade Calvino perseguiu católicos e protestantes.
A propagação do calvinismo fez-se da França, aos principados da Alemanha, da Províncias Unidas, à Hungria, Boémia, Polónia, a Inglaterra e Escócia.
Com o apoio de nobres, burgueses, homens dos ofícios e eruditos.
O Anglicanismo:
A reforma evoluiu de uma rutura com a igreja romana para uma faceta calvinista e desta para o anglicanismo.

O anglicanismo surgiu quando Henrique VIII, solicitou ao Papa Clemente VII, a anulação do seu matrimónio com Catarina de Aragão por estar apaixonado por Ana Bolena, e esta foi recusada, em 1529.
O monarca inglês, desmantela Roma e assume a chefia da igreja na Inglaterra, podendo assim, anular o seu próprio casamento.
Henrique VIII, embora autorizasse a tradução da bíblia para inglês e secularizasse os bens dos conventos, manteve-se fiel ao dogma católico.
Só no reinado do seu filho Eduardo VI é que a reforma se aproximou do calvinismo ao comtemplar apenas o Batismo e a Eucaristia na presença espiritual de Deus, ao proibir o culto das imagens e suprimir altares, entre outros.
Depois do reinado de Maria Tudor que defendia o catolicismo e perseguiu ferozmente os protestantes, subiu ao trono Isabel I.
Isabel I consolidou o protestantismo, sob a forma de anglicanismo, em 1563.
Podemos assim, definir o anglicanismo como um compromisso entre o catolicismo e o calvinismo. Que defendia:
· A justificação pela fé (não aceitando a predestinação absoluta);
· A autoridade eclesiástica da bíblia em matéria de fé;
· Reconhecia o Batismo e a Eucaristia (com presença espiritual de cristo);
· Negava o culto dos santos, imagens e relíquias;
· Mas apesar da abolição o sacerdócio universal, possuía uma hierarquia eclesiástica.
Os católicos consideravam o anglicanismo uma doutrina “bastarda” e o Papa excomungou-a, em 1570. E os Calvinistas queixavam-se das grandes parecenças que esta doutrina tinha com a igreja católica e passaram a designar-se de puritanos.

Isabel I, dotada de capacidade política, fez da reforma uma forma de reforço da autoridade real e ao mesmo tempo promoveu o desenvolvimento marítimo e colonial da Inglaterra, elevando-a à categoria de grande potência europeia.